terça-feira, 10 de setembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( p 43 )

O Sr. Jambinho, meditou um instante  naquela pergunta à queima roupa, que Noélia fizera e respondeu sincera e incisivamente:
---“ Ouça, bem! Pedro como fazendeiro e negociante, sempre se mostrou como pessoa séria. Agora, se ele vai ser um bom prefeito, eu não garanto. Mas vamos dar-lhe uma chance e ver o que ele poderá fazer por Poções.”
Particularmente, como nunca acreditei nos políticos locais e pior ainda nos sugadores de votos que vem de outras bandas para chegar aqui ,prometer e nada cumprir. Apesar, também, das palavras do meu sogro, acompanhei o início da campanha política ,com as minhas reservas pessoais.
Na  Câmara, as sessões continuavam ainda em ritmo sereno.
No colégio, as aulas começaram tranquilas e sem problemas políticos a interferir.
No consultório, de  vez em quando,  apareciam aqueles clientes das roças, vizinhas à Cidade, que chegando na  sexta feira pela manhã, desejavam suas dentaduras prontas, no mais tardar no domingo á tarde.
Mas no campo esportivo, aquele ano de 1966, já nos preparava algo de tenebroso. A oitava copa do Mundo de futebol, seria realizada na Inglaterra e algo estava preparado contra o Brasil. Éramos bicampeões mundiais na sequência de 1958 e 1962 e se tornássemos a vencer, estaríamos definitivamente de posse da Taça Jules Rimet. Então, a lógica principal era “caçar” Pelé em campo e depois “cuidar” dos outros. E o esquema foi tão bem montado que o Brasil só conseguiu ganhar a primeira partida, perdendo às outras duas e fragorosamente derrotados, voltamos para casa mais cedo. Os donos da casa armaram o resto e na final venceram os alemães. Naquela única vez, a Inglaterra conseguiu ganhar o “caneco”
Adaptadas já ao ensino do Grupo Escolar Alexandre Porfírio, Sybele e Mercês, receberam o reforço particular das jovens professoras Áurea Lucia Luz Martins e Cleide Soares Andrade, que muito contribuíram no aprendizado de nossas duas filhas. O interessante neste esquema, é que , estando Mercês com seis anos, ainda levava escondido em seus pertences escolares, um bico, que era chupado gostosamente nos intervalos das aulas, sem que ninguém soubesse. É claro que Sybele sabia do que acontecia e ambas guardaram em segredo esse fato por anos a fio.
As eleições aconteceram e à pedido do Sr. Jambinho, votamos no Sr Pedro Alves Cunha, que venceu folgadamente a eleição.
Chegando ao final do ano e Noélia grávida com três a quatro meses, recebemos nova comunicação da Campanha Nacional de Educandários da Comunidade(CNEC), já com o nome trocado, para nos apresentarmos em Salvador, para o novo curso de reciclagem do CADES,(Curso de Aperfeiçoamento do Ensino Secundário).


                                                                    137


O curso seria gratuito, mas a viagem e a hospedagem seriam por conta dos professores que quisessem ir até Salvador. Então em grupo, fomos apelar para o prefeito Aníbal Gonçalves de Carvalho que alegou que estando já de saída com o seu mandato expirado, não poderia dar nenhuma ajuda. Por outro lado o  recém eleito prefeito Pedro Alves Cunha, disse que iria ainda verificar as condições financeiras do Município de não poderia antecipar qualquer gasto. Era assim, minha gente, que funcionava o esquema de ajuda ao ensino. Um político empurrava para o outro. Quando vimos que nenhuma ajuda iria partir dos poderes públicos, fizemos um contato geral com os Professores e mais uma vez a Professora Maria da Glória Macedo da Conceição, a  Professora Noélia Gusmão Alves Dias e  eu. fomos até a Capital do Estado participar de um novo curso e ressalte-se bem, tudo por nossa conta. Na residência da minha tia Edith, com a qual convivi por muitos e muitos anos, garantimos a nossa dormida. A fim de garantir o nosso sustento e não ficarmos PESADOS às despesas da casa, comprávamos os mantimentos necessários, na ajuda do café da manhã, almoço e janta.
O curso  foi ministrado no Colégio Central, pertencente ao Estado e situado na Avenida Joana Angélica, para onde nos deslocávamos duas vezes ao dia, subindo e descendo naqueles
ônibus mal cheirosos da municipalidade.

A primeira aula do dia, era realizada com a presença de todos os participantes do curso oriundos de todas as partes da Bahia.
O Sr. Jambinho, meditou um instante  naquela pergunta à queima roupa, que Noélia fizera e respondeu sincera e incisivamente:
---“ Ouça, bem! Pedro como fazendeiro e negociante, sempre se mostrou como pessoa séria. Agora, se ele vai ser um bom prefeito, eu não garanto. Mas vamos dar-lhe uma chance e ver o que ele poderá fazer por Poções.”
Particularmente, como nunca acreditei nos políticos locais e pior ainda nos sugadores de votos que vem de outras bandas para chegar aqui ,prometer e nada cumprir. Apesar, também, das palavras do meu sogro, acompanhei o início da campanha política ,com as minhas reservas pessoais.
Na  Câmara, as sessões continuavam ainda em ritmo sereno.
No colégio, as aulas começaram tranquilas e sem problemas políticos a interferir.
No consultório, de  vez em quando,  apareciam aqueles clientes das roças, vizinhas à Cidade, que chegando na  sexta feira pela manhã, desejavam suas dentaduras prontas, no mais tardar no domingo á tarde.
Mas no campo esportivo, aquele ano de 1966, já nos preparava algo de tenebroso. A oitava copa do Mundo de futebol, seria realizada na Inglaterra e algo estava preparado contra o Brasil. Éramos bicampeões mundiais na sequência de 1958 e 1962 e se tornássemos a vencer, estaríamos definitivamente de posse da Taça Jules Rimet. Então, a lógica principal era “caçar” Pelé em campo e depois “cuidar” dos outros. E o esquema foi tão bem montado que o Brasil só conseguiu ganhar a primeira partida, perdendo às outras duas e fragorosamente derrotados, voltamos para casa mais cedo. Os donos da casa armaram o resto e na final venceram os alemães. Naquela única vez, a Inglaterra conseguiu ganhar o “caneco”
Adaptadas já ao ensino do Grupo Escolar Alexandre Porfírio, Sybele e Mercês, receberam o reforço particular das jovens professoras Áurea Lucia Luz Martins e Cleide Soares Andrade, que muito contribuíram no aprendizado de nossas duas filhas. O interessante neste esquema, é que , estando Mercês com seis anos, ainda levava escondido em seus pertences escolares, um bico, que era chupado gostosamente nos intervalos das aulas, sem que ninguém soubesse. É claro que Sybele sabia do que acontecia e ambas guardaram em segredo esse fato por anos a fio.
                                   
                                                                         138



As eleições aconteceram e à pedido do Sr. Jambinho, votamos no Sr Pedro Alves Cunha, que venceu folgadamente a eleição.
Chegando ao final do ano e Noélia grávida com três a quatro meses, recebemos nova comunicação da Campanha Nacional de Educandários da Comunidade(CNEC), já com o nome modificado , pois no decorrer dos anos eles verificaram que de gratuito nada tinha a ver com o nome.                                                               
O curso seria realizado em Salvador no Colégio Central, situado a Avenida Joana Angélica, de forma gratuita, mas os professores interessados teriam que pagar as suas viagens e suas hospedagens. Então tentamos apelar para a ajuda da Prefeitura. O Prefeito Aníbal Gonçalves de Carvalho, alegou que tendo expirado o seu mandato, não poderia dar nenhuma ajuda e isso competia ao recém eleito. Por outro lado o novo prefeito Sr. Pedro Alves Cunha, disse-nos que ainda iria olhar a situação financeira do Município e somente a partir daí é que poderia tomar uma posição. É claro que o curso começaria logo e não ficaríamos a espera dos prefeitos resolverem, naquela situação de um empurrar para o outro.
Vocês que estão lendo essas páginas, imaginem como sempre foi o ensino em Poções, dependendo desses figurões. Realizada a reunião somente três professores, nas pessoas de Maria da Glória Macedo Da Conceição, Noélia Gusmão Alves Dias e eu, resolvemos enfrentar por nossas  próprias contas, as despesas de transporte e hospedagem. Noélia e eu, ficamos abrigados na residência de tia Edith, situada a Rua do Alvo, zona da Saúde, onde convivi naquele local, cerca de 11 anos. Duas vezes por dia, íamos naqueles ônibus mal cheirosos, apinhados de gente, onde Noélia com a sua barriguinha de gravidez, já meio crescida, ficava exposta a empurrões daqueles mal educados que surgiam no interior do veículo.
A primeira hora do curso reunia todos os professores oriundos de todas as partes da Bahia, onde havia cânticos, pequenas palestras e um esquema de preparativos para animar o pessoal. Depois então, os professores, em suas respectivas disciplinas, seguiam as suas salas e ali participavam de toda a revisão dos conteúdos. Na minha sala de Matemática, quem ministrava o curso, era um senhor de meia idade, com aproximadamente uns 50 anos. Moreno de cabelos mais pretos do que grisalhos, desenvolvia a disciplina com uma desenvoltura fantástica. Possivelmente pelos anos de experiência que trazia em sua bagagem.
Num certo dia, pela manhã, ele chegou na sala e  repentinamente perguntou:
“---Qual dos meus colegas aqui presentes, pode me dizer, qual é a raiz cúbica de 1728 ?”
Timidamente, lá do fundo da sala, levantei-me e ergui o braço esquerdo( por ser canhoto de natureza). Ao me ver, ele me chamou até a sua presença, e me perguntou nome, a cidade de onde viera, aquelas coisinhas sutis, para me deixar mais a vontade, na frente de mais de quarenta professores de todas as regiões da Bahia. Aí ele falou:
“---Então o senhor sabe extrair a raiz cúbica de 1728 ?
--- Sei e de duas formas diferentes--- respondi quase a queima roupa.
Por coincidência do destino, quase ao final do ano letivo da segunda série ginasial, eu lecionara a minha turma, como se deveria extrair raiz cúbica em duas formas diferentes e aí não deixei escapar a oportunidade, para fazer logo o meu nome junto a todo aquele pessoal:
--- Primeiramente vou a dar a resposta do que o senhor perguntou. A raiz cúbica de 1728 é 12.
Se o senhor me permite, vou explicar então, os dois processos de como achar a resposta.”
                                                                       139                 


Nenhum comentário:

Postar um comentário