segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Relembrando Affonso Manta(Anexo a Autobiografia de Irundy Dias)

                                        A   F   F   O   N  S   O               M   A   N   T   A

                         A    N    T    O    L    O    G    I    A             P    O   É    T     I     C     A


Seleção e organização:                        Ruy               Espinheira                 Filho












       

domingo, 29 de dezembro de 2013

26 de agosto de 1982

Nesta data, foi inaugurada pelo primeira vez, em Poções,a Agência da Caixa Econômica Federal

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias( Aniversário)

O dia amanheceu lindo ! Fato que nem sempre se verifica em Salvador, nessa época do ano. Era a manhã do dia 23 de dezembro de 1953.Local: Terreiro de Jesus. Parte interna da antiga Faculdade de MEDICINA DA BAHA. Acontecimento: À partir das 10 horas da manhã, colação de grau de dez alunos que concluiram o curso de Odontologia. Sem solenidade, é claro, pois a maioria da turma. após prestar os últimos exames finais, é que iria marcar a data da formatura COM SOLENIDADE e tudo o mais que tivesse ditreito. Por ora, aqueles dez que foram aprovados em todas disciplinas, não teriam direito a nenhuma solenidade.E com todo o orgulho do mundo, nós fomos para lá.
A sala com os parentes dos formandos estava quase literalmente cheia e a medida que em ordem alfabética, o secretário chamava cada aluno, um a um foram chegando á frente,para receber o seu cilindro de papel e depois se dirigiam a se sentavam em um grupo de cadeiras situadas ao lado direito da Mesa principal. Recebi o meu canudo e me postei junto a outros colegas que já se achavam sentados. Seguiram-se alguns pequenos discursos e interessado em apenas a olhar o conteúdo do meu canudo, verifiquei depois de algumas tentativas,que era simplesmente uma cartolina sem nada escrito por fora ou por dentro.
Minha mãe e a minha tia Edite, foram as únicas a assistir e logo depois do encerramento da sessão, todos os formandos receberam dos seus parentes, os cumprimentos a que fizeram jus.
Estou relembrando esse fato, porque nesse momento exato, estou completando 60 anos de formatura na Faculdade de Odontologia da Bahia. E diga-se de passagem: Isso não se repete para muitos colegas.
E para acrescentar: quando eu me tornei  REMIDO do Conselho Regional da Odontologia da Bahia (CROBA), recebi com toda a solenidade um diploma de ÉTICA PROFISSIONAL, que também não é expedido a qualquer um.
Por todos esses galhardões, eu IRUNDY MANTA ALVES DIAS, ME PARABENIZO SOLENEMENTE NO DIA DE HOJE, AO COMPLETAR 60 ANOS DE FORMADO.

                             POÇÕES, 23 DE DEZEMBRO DE 2013.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( página 56 )

                                              Excursões estudantis da CNEC


A primeira excursão da CNEC que já contei nos mínimos detalhes, foi realizada em 1962 com o destino escolhido que foi Salvador. Anos depois,.a segunda e terceira excursões, seguiram para o Rio de janeiro.
Na primeira, contratamos os serviços de um ônibus que nos conduziria ao Rio de Janeiro e nos traria de volta. Todos os passeios lá na Cidade Maravilhosa, seriam realizados por conta da verba arrecadada pelos estudantes.
O local para ficarmos hospedados, estava situado na Lapa, perto dos Arcos, onde passava um bondinho, cujo passeio nos levava ao bairro de Santa Tereza. Era uma hospedagem típica para estudantes. Pagamos dez cruzeiros por pessoa, para ficarmos alojados durante os cinco dias que  ficaríamos no Rio. Só dormida, sem direito a qualquer tipo de comida. Nem café da manhã, que era “tomado”, naquelas lanchonetes próprias para tal tipo de serviço. Dentro da hospedaria, em cada andar ficavam situados os quartos separados do pessoal masculino e do feminino . Noélia e eu, estranhamos logo de cara, porque a lei era para todos indistintamente, fosse aluno ou professor O horário para o retorno à noite, era bem rígido. O portão principal de ferro, ficava aberto até as 22 horas. Apesar de todas as exigências que nos foi dada, o jeito foi aceitarmos de bom grado, pois quem acharia um local  para dormir durante cinco dias, por apenas dez cruzeiros?
No primeiro dia, logo após o café da manhã,  todos já estavam preparados para ir a praia. Algumas meninas acharam de andar pelas ruas ali do bairro da Lapa, apenas vestidas com os maiôs, segurando em suas mãos, as sacolas com os demais pertences. Tal procedimento causou uma série interminável de assovios, por parte dos homens que cruzavam nossos caminhos. Momentos de insatisfação nos deixaram  por alguns minutos, até que “aquelas”, sentindo de perto o erro que estavam cometendo, resolveram se recompor.
Na praia, tudo ocorreu em plena normalidade, onde cada qual, procurou fazer as despesas extras, sem recorrer a verba destinada aos gastos com alimentação e passeios.
Para facilitar as despesas nos restaurantes, previamente aqui em Poções, compramos no Banco de Brasil, uns tíquetes, que dariam mais sossego na questão de pagamento e de trôco.
E isso o fizemos tranquilamente, frequentando qualquer restaurante ou lanchonetes que recebessem os tais  tíquetes.
O pior do passeio, diariamente, era a volta para a hospedagem, a fim de reunir o pessoal e saber qual daquele que estava atrasado. E tal fato aconteceu na terceira noite, quando um dos alunos, perdeu o horário de chegada e só foi aparecer quase às 23 horas,  gerando para nós todos, um desagradável desconforto, precisando uma enérgica intervenção de minha parte, quando pedi ao porteiro milhões de desculpas. Também, o que aquele estudante ouviu de reclamações de nossa parte e da direção da hospedaria, serviu de exemplo aos demais colegas.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( 57 )( sonetos)

ESTES SONETOS,  COPIADOS POR MIM, DE UM LIVRO DE MAMÃE, QUANDO ELA ESTAVA AINDA COM 18 ANOS DE IDADE. FAZENDO AS CONTAS;
MAMÃE NASCEU EM 1906, COM MAIS 18 É IGUAL A 1924.PRATICAMENTE NÓS JÁ ESTAMOS EM 2014. ENTÃO, CONCLUE-SE QUE O LIVRETO COM OS SONETOS COPIADOS POR ELA MESMO, ESTÁ COM 90 ANOS. A GRAFIA PARA FICAR ORIGINAL,É COPIADA TAL QUAL, MAMÃE ESCREVEU EM SUAS ANOTAÇÕES, DE MOCINHA EMBEVECIDA COM O AMOR DE SUA MAIS PURA ADOLESCÊNCIA.
                                         
                                                   O PALHAÇO                      
                                                                                                H. PINHEIRO

Quando no circo, o povo agglomerado,
Num grande vozear que ensurdecia
Bradava pelo clonos; o desgraçado
Uma filha perdera neste dia;

E quando o vi, no seu rosto maguado
Pude lêr o pezar que elle sentia,
E mesmo assim, doente e consternado,
O palhaço as pilherias sacudia...

Quantas vezes da vida na amargura,
Não sentimos também essa tortura
Do inditoso palhaço sorridente.

Quantas vezes nos rimos e, no entanto
A nossa alma desfaz-se em dor e pranto
Que disfarçamos neste rido ardente.




                                             AMOR  DE PALHAÇO
                                                                                          A THOMAZ

Hontem viu-se-lhe em casa a esposa morta
E a filhinha mais nova tão doente!...
Hoje o empresário vai bater-lhe a porta,
Que a plateia reclama impaciente...

Ao palco em breve surge... pouco importa
O seu pezar aquella extranha gente,
E ao som das ovações que os ares corta
Tregeita e canta e ri nervosamente.

Aos applausos da turba, ele trabalha
Para esconder  no  manto em  que se embuça
A cruciante angustia que o retalha.

No entanto a dor cruel mais se lhe aguça
E enquanto o labio tremulo gargalha,
Dentro do peito o coração soluça...




                                           B E I J O S 
                                                                      GUILHERME DE ALMEIDA

Não queres que eu te beije... E o beijo é a própria vida,
A invenção mais sublime  e bela do Senhor;
É o fogo em que se abraza uma alma a outra alma unida,
É o prologo e também o epilogo do amor!

A lua beija o mar, nas ondas reflectida;
O sol ,beijando o ceo, o cobre de esplendor;
Num beijo o orvalho alenta a planta emurchecida
E a borboleta suga o mel, beijando a flôr.

Deixa que o amor expanda os seus desejos,
Beijando os lábios teus, sem nunca se cançar !
Chega ao meu coração, escuta-lhe os arquejos !

A bocca perfumada, ó, deixa-me beijar !
Porque somente amando é que se trocam beijos...
E porque só beijando é que se aprende a amar.



NOITE  DE  INSOMNIA
                                                                                         Nestor de Góes

Horas mortas... Outomno. A alcova abandonada...
Como é triste arrancar assim da noite o dia !
La fora em derredor ulula a ventania
E não tarda a raiar a luz da madrugada.

Que saudade de ti... Que infinita agonia
Eu sinto ao recompor teu vulto, minha amada !
O passado é um lamento uma flôr desbotada,
Um beijo que se dá numa noite sombria...

Ah ! se voltasses tu ... e nos beijos de então
Unisses minha boca à tua boca santa !...
Que saudades de ti ... que enorme solidão ! ...

Penas,  desilusões  e magoas, aplacae
Esta afflição atroz que me sobe a garganta
E se converte em pranto e gotta a gotta cae !






                                               N     A     D     A 

                                                                                   JOAQUIM  NABUCO

Tudo é nada no mundo. O nada é tudo.
Porque do nada tudo foi tirado !
Porque do nada tudo é transformado,
E ao nada volverá um  dia tudo!

Deus do nada com um gesto tirou tudo
Pois do nada  o Universo foi tirado !
E num dia  no nada transformado,
Deixará de existir e assim vae tudo.

Só nossa alma  persiste e Deus eterno,
Cuja essência é de si mesmo increada.
Por ser um Ser divino – Ente Supremo !

Na potencia do mundo agigantada
Nesta terra, nos céos, no próprio inferno,

Somente uma palavra eu leio : NADA .

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( páginas 3 e 4 )

O nosso parentesco com o poeta Castro Alves, veio através de minha bisavó Odília, mãe de vovó Isaltina, que era prima dele. Daí, todos os descendentes por parte de meus avós paternos tiveram  o Alves em um dos sobrenomes.

Decorrido certo tempo de estada em casa dos meus avós paternos, eis que os avós maternos reivindicaram a nossa presença com eles, desde quando meu avô Manta, sendo médico, ele mesmo queria fazer o parto da própria filha. Todos eles residiam na península itapagipana e bem próximos por sinal.
Meus avós maternos ocupavam uma casa à Rua Álvaro Cova, próxima a Igreja da Penha, enquanto vovô Afonso com  sua família, residiam na Avenida Beira Mar, se não me falha a memória, a casa possuía o número 321.

Papai era balconista da Casa de ferragens Eduardo Fernandes, localizada na Cidade Baixa, perto do Plano Inclinado, onde trabalhava das oito às 17 horas. Ele "tomava" um BONDE, logo cedo, almoçava lá mesmo e só voltava para casa ,quando encerrava o seu serviço, à tardinha. Como possuía outras aspirações, nas horas de folga, estudava para fazer os exames preparatórios, hoje chamados de vestibular. Basta frisar, que as linhas de bonde que faziam o percurso da parte baixa do Elevador Lacerda até a Ribeira e vice-versa, onde os passageiros perdiam um tempo exagerado e por isso mesmo, Papai ia pela manhã ao trabalho e só retornava quase ao escurecer.

No dia 17 de fevereiro de 1930, tal qual tia Moema havia pedido, precisamente ao meio dia, nas mãos hábeis do Dr. Manta, Mamãe deu a luz a um garotinho robusto, bonito pra caramba, cheiroso e que as tias Licinha Edite e Dulce ficaram babando para pegá-lo. Irundy, como foi registado posteriormente, veio ao mundo, para felicidade de todos. Papai só tomou conhecimento do fato, ao retornar do trabalho à noite.

Meses depois, fui batizado na Igreja da Penha, tendo como padrinhos, vovô Manta, vovó Amália e tia Licinha.

Em 1931, quando eu estava aniversariando pela primeira vez, Papai brindou a todos,  sendo aprovado nos Exames preparatórios do Curso de Medicina. Ele e os proprietários da Casa Comercial Eduardo Fernandes, entraram num acordo pra que só trabalhasse num turno, a fim de não perder as aulas da Faculdade de Medicina, que era pertinho. Papai subia para a Cidade Alta, pelo Plano Inclinado, saltava na Praça da Sé e dali seguia andando até o Terreiro, onde ficava a antiga Faculdade de Medicina.

A vidinha deles dois foi seguindo em frente e as minhas irmãs começaram a surgir de dois em dois anos.
Eliaci nasceu em dezembro de 1931, Aryolinda em 1933, quando ocorreu o falecimento de Eliaci. Nair veio ao mundo em 1935 e faleceu no ano seguinte em 1936.

Nesse intervalo de tempo, toda a família de vovô Manta mudou-se para a Rua Felisberto Carvalho 57, também conhecida como Rua da Poeira.                        

BONDE: veículo ferroviário elétrico, destinado ao transporte urbano e suburbano de passageiros.
        
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Já sabendo ler as notícias  dos jornais, em março de 1936, fui matriculado no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, onde tia Dulce estava concluindo o seu Curso de Magistério.
Ao final do ano de 1936, Papai formou-se em Medicina e aí o pessoal da casa, resolveu fazer uma pequena comemoração.
Para ficar mais próximo dos familiares, o meu tio Arnaldo (Nadinho), mudou-se para a mesma rua no número 40 e por isso mesmo, o filho mais velho, por nome Inaldo, me fazia companhia até a escola, todos os dias.
A casa onde moramos na Rua da Poeira, 57, possuía um andar térreo, ocupado por outra família e nós ficávamos no primeiro e segundo andares. Era um sobrado.
Certa feita, como os banheiros dos dois andares estavam ocupados, dirigi-me a um banheiro que ficava no quintal, logo abaixo da janela da cozinha, que quase ninguém usava, pois se descia dois lances de escada, com mais de vinte degraus em cada uma.
Descendo-se o primeiro lance chega-se a um pequeno patamar, onde a pessoa teria duas opções: indo pela esquerda, desciam-se ainda uns quatro degraus seguindo para a porta da rua. Tomando a parte da direita, é que se descia mais 20 degraus em direção ao quintal. Desci o primeiro lance e quando galguei os primeiros quatro degraus do segundo lance, avistei um individuo, junto a uma das paredes cortando uns canos de chumbo de um encanamento antigo. De imediato, perguntei:
--- Que é que você está fazendo aí, moço?
---Aqui não é a casa do Sr. Matias? --- respondeu ele
---Matias? Aqui é a casa do Dr. Manta, médico da polícia militar.
---É que eu recebi ordens, para vir cortar esses canos de chumbo sem uso...
Depois desse pequeno diálogo, desci mais rápido pelos degraus que ainda faltavam, até chegar em frente ao banheiro e virando-me para cima, gritei bem alto:
---Joana, Joana! Acode aqui em baixo, que tem um ladrão tentando roubar vários pedaços de cano.
Ao ouvir as minhas palavras, o ladrão largou de imediato, tudo o que estava fazendo e correu para cima, pela escada, a fim de fugir. Da parte debaixo onde eu estava, ainda presenciei  Joana chegando à tempo de dar um SAFANÃO no ladrão, que mesmo assim, ainda saiu correndo em direção a rua..
De  passagem quero apresentar a cozinheira Joana, que participou dessa história.
Era uma preta de mais ou menos uns trinta anos, alta e robusta. Devia pesar entre setenta a oitenta quilos. Vocês já pensaram como deve ter doído o que o malandro, recebeu do safanão dela, no encontro que tiveram entre os dois no patamar da escada?.


SAFANÃO: Tapa forte com a mão aberta. Choque forte; empurrão, tranco.

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Autobiografia de Irundy Dias (páginas 1 e 2 )

Muito se tem escrito em pequenas notas de jornais, sobre a história de Poções.
O trabalho que estou me propondo, não é o de relatar por ouvir dizer, mas, sim e tão somente, a vivência do dia a dia, desde a época que passei aqui, algumas horas, em outubro de 1939 e na sequência, outras inúmeras horas, quando de minhas viagens a Salvador, vindo de Iguaí, ou vice-versa, na continuação dos meus estudos. Na sequência, o relato já se estende, desde o dia que Papai trouxe a nossa família definitivamente para Poções, após termos residido em Iguaí, no período de fins de 1939  até fevereiro de 1950.

É claro que, para dar ciência da evolução desta cidade, nestes últimos setenta e poucos anos, terei que colocar presente e bem anexa, a minha autobiografia.

Que autor seria eu se fosse escrever dados sobre Poções e os meus mais conhecidos, habitantes, se OMITISSE a minha presença?

De certa forma, nesse período de tempo, muitos personagens foram esquecidos, como também fatos de menor importância.

Certa vez, o meu irmão Affonso, que Deus o tenha guardado em bom lugar, disse-me:
---"Dydy", (é como ele me tratava), porque você não escreve a sua autobiografia?

Respondi quase que de imediato:
---"Fonso” (era como eu o tratava), publicar poesias é um trabalho bem mais fácil. Você reúne alguma coisa que escreveu, sobre assuntos os mais diversos possíveis, corrige, vai à tipografia, imprime e depois sai distribuindo aqui e ali aos seus amigos e conhecidos. Escrever a minha autobiografia é um trabalho penoso, pois terei que rebuscar no passado, tudo aquilo que a sua memória puder trazer ao presente, juntando pedacinhos da minha infância, da minha adolescência, e depois já na fase adulta colocando fatos e personagens, muitas vezes esquecidos...

Mas no meio dessa resposta, apareceu outro detalhe:
---Quem irá interessar-se em saber o que eu fui, o que eu sou a não serem alguns familiares bem chegados a mim e uns amigos de ternos laços?

Mas Affonso insistiu:
--- Dydy reflita comigo. Nós viemos de muda para Poções em 1950, quando Papai trouxe a família de Iguaí, para cá. Você, como irmão mais velho, passou pela primeira vez por esta Cidade em fins de 1939, porque então, você não associa a sua autobiografia, ao desenvolvimento de Poções, desde aquelas datas até aos dias de hoje?

OMITISSE – Do verbo omitir. Deixar de fazer. Dizer, mencionar ou escrever (algo)


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Pesquisei e vivenciei fatos dos setores sociais, estudantis, esportivos, políticos, enfim tudo o que fosse necessário para o conjunto dessa obra.

Poções, de chão de terra batido, da década de 30, que à luz do sol, quando soprava uma mínima quantidade de vento, deixava nuvens de poeira ao redor, ou na época das chuvas intensas, alagavam ruas e praças, apresentando um grosso lamaçal.

Os poucos carros, puxados por parelhas de bois, que percorriam as nossas vias, com aquele rangido característico das rodas de madeira, eram costumeiramente os melhores veículos que a Cidade dispunha. Os outros com um único burrico, ainda ficavam em segundo plano. E ainda apareciam uns jegues, carregando água do açude, dentro de uns vasilhames chamados de CAROTES.
E as noites?

Poções era servida (ou mal servida), com uma luz TÊNUE, produzida pelo trabalho de um motorzinho movido a óleo, que funcionava das 18 às 24 horas, com um detalhe de que faltando dez minutos, para o encerramento daquele serviço, um rápido sinal era dado, com o piscar das lâmpadas.

Quando Affonso terminou a sua fala insistindo para que eu iniciasse a minha autobiografia resolvi experimentar e aqui vamos nós:

Primeiramente vou apresentar os meus pais, e meus avós paternos e maternos:

Papai; Dr. Ary Alves Dias, médico, nascido a dois de setembro de 1904 e falecido a primeiro de novembro de 1980.

Mamãe: Olinda Manta Dias, doméstica, com primeiro grau incompleto, nascida a 31 de maio de 1906 e falecida a 16 de maio de 1997.
Ambos nascidos em São Félix - Bahia e casaram-se em 11 de maio de 1929.

Avós paternos: Dr. Afonso Alves Dias - Engenheiro da Estrada de Ferro da Leste Brasileiro e Isaltina da Costa Alves Dias, doméstica e entre a sua prole, Papai foi o quinto.

Avós maternos: Dr. José da Silva Neves Manta, médico e Capitão da Polícia Militar do Estado da Bahia e Amália Seixas Manta, doméstica, sendo também Mamãe, a quinta filha.

Nos primeiros meses de casados, a convite de vovô Afonso, os meus pais foram residir com eles e a caçula de minhas tias, por nome Moema, já com 13anos, ao notar já a barriguinha de mamãe começando a crescer ficava insinuando:
---"Essa criança vai nascer no dia do meu aniversário, 17 de fevereiro"

TÊNUE: Que é delgado, fraco, sutil, leve, ligeiro, de pouco valor ou importância.
CAROTES: palavra não encontrada nos dicionários. De uso exclusivo nessa região, que significa um tipo de barril de madeira, com uma pequena abertura, para que se coloque qualquer tipo de líquido.
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domingo, 15 de dezembro de 2013

Poções, á partir da década de 30


quarta-feira, 14 de novembro de 2012


Poções, à partir da década de 30

                                        POÇÕES, À PARTIR DA DÉCADA DE 30

Papai, ao se formar em Medicina, foi convidado por um seu cunhado, Tio Julio Dantas, "cometa",ou também chamado de caixeiro-viajante, que conhecia diversos lugares por onde passava, vendendo suas mercadorias e na zona da Mata,observou Nova Canaã, Iguaí e Ibicuí, na época, pequenas vilas ,ainda pertencentes ao Município de Poções.Avaliando de perto ,cada uma delas, Papai resolveu começar a clinicar em Iguaí .tendo como ponto de apoio, um quarto, na pensão de Dona Raquel.
Voltou a Salvador ao final de 1938, com cara de satisfeito e prometeu a Mamãe, que iria a Iguaí continuar o seu trabalho e antes do final de agosto de 1939 retornaria a Salvador para participar do nascimento de Affonso. Ele levaria toda a família para uma aventura inusitada.
Inocentemente a tudo isso que ocorria, cumpria a minha parte, frequentando em Salvador, as aulas do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, já cursando o terceiro ano primário. Como acontece sempre nesse tempo de expectativas, Papai voltou  para assistir o nascimento  de Affonso, ocorrido em 23 de agosto de 1939 e quase três meses depois, em meados de novembro, iniciou-se uma aventura, que provavelmente no futuro, iria modificar o rumo de todas as nossas vidas.

Embarcamos num navio da Companhia de Navegação Baiana, que nos conduziu de Salvador a Nazaré,  mais ou menos umas seis horas de viagem.Pernoitamos numa pensão  por livre escolha de Papai, ou também por indicação daqueles "carregadores" de malas. Na madrugada seguinte , viajamos num trem poeirento, durante o dia todo, chegando ao anoitecer em Jequié.Como Papai já deixara tudo planejado, na outra manhã, um carro alugado, nos traria de Jequié até Morrinhos,fazendo uma paradinha aqui em Poções, para que todos tomassem o seu café matinal e Mamãe tivesse a oportunidade de tomar um banho e ajeitar a meninada.Eles eram : Aryolinda com 5 anos, Silvio com 3 e Affonso recém-nascido,além de uma babá,por apelido Tezinha que foi trazida de Maragogipe. 
Quando chegamos aqui em Poções( eu a estava conhecendo pela primeira vez), numa manhã bem clara de novembro de 1939, com um céu azul, sem nuvens, e o sol radiante, jogava seus raios, diretamente sobre as paredes pintadas de amarelo, da pensão do Sr. Arlindo Carvalho.Em frente, havia uma praça enorme  e mais adiante, quase próxima ,uma Igreja.
Foi uma parada não muito longa, mas ofereceu um bom tempo para que todos se recuperassem para enfrentar a longa jornada que viria mais adiante. Enquanto isso, me postei,quase ao lado da porta de entrada da pensão e comecei a observar o movimento de pessoas que se movimentavam somente do lado direito para o lado esquerdo da praça, uns andando, alguns sobre carros de boi, outros montados em animais, mais uns outros tangendo animais com cargas. Soube pelo Sr. Arlindo que era um sábado e por ísso, o pessoal estava chegando aos poucos para a feira. Algo  novo para mim, pois, um garoto com nove anos de idade, que sempre viveu num prédio de três andares, que somente saía à rua para ir ao colégio, fez aumentar mais ainda a minha curiosidade.O que era uma feira, afinal?
Nesse meio tempo, eis que passaram lá ao largo no meio da praça, dois padres, sendo um deles ,com a cabeça toda alva. O Sr. Arlindo Carvalho novamente me informou,  que o mais velho, era o Padre Pithon, e o outro,que viria substituí-lo já era conhecido pelo nome de Padre Honorato.
Finalmente,a nova viagem em direção a Morrinhos, começou. O carro alugado dirigiu-se à  Praça Deocleciano Teixeira, onde estava localizada a feira.Cautelosamente, o motorista, foi desviando o veículo das pessoas, que passavam perto das barracas. e de lá seguimos por uma estrada de barro, não muito bem conservada, até chegarmos ao local denominado de Morrinhos, onde já nos esperavam vários homens com diversos animais. E aí começou a viagem mais demorada e cansativa daquela ápoca.

Em princípio de janeiro de 1941,tio Júlio Dantas, já citado na primeira estória, estava aqui em Poções, hospedado na " República dos Viajantes", somente para dormir, pois fazia todas as refeições, na pensão do Sr.Arlindo Carvalho, e sabedor que eu iria submeter-me aos exames de admissão ao ginásio, em Salvador,enviou um recado a Papai, dizendo se não seria bom Irundy vir a Poções,porque daqui nós iríamos
juntos.
Nós,  havíamos passado por aqui em fins de novembro de 1939 e o que acontecera comigo, desde aquela data, até janeiro de 1941 ?...
Quando saímos de Salvador em novembro de 39, Papai tivera o cuidado de trazer os meus documentos escolares, dando-me aptidão para continuar o quarto ano primário. Iguaí naquela época, não possuía nenhuma escola pública, nem estadual e nem municipal.Então aí por volta dos meados de janeiro de 1940,apareceu por lá, um senhor com um defeito na coluna vertebral, professor formado, casado com dois filhos  e colocou um aviso no serviço de alto-falantes que iria ministrar as aulas de caráter particular. Foi aquela correria.A escola ,era uma casa que ele . Prof. Miguel, alugara  e com  o auxílio de sua esposa,conseguiu colocar para funcionar com apenas 16 alunos,  considerando-se  o tamanho da sala, cujas janelas eram voltadas para a rua.
Nos dois primeiros meses iniciais,notamos que o Prof. Miguel não conseguiria levar avante a sua intenção,
Era  por demais violento. Brigava com os alunos, dava cascudos ou piparotes nas cabeças, bolos nas mãos com aquela palmatória da madeira.(Certo dia ,fui generosamente agraciado com um bolo em cada mão.)
Às vezes, punha os meninos ajoelhados sobre grãos de milho num dos cantos da sala. E uma série de coisinhas tais, que foram chegando aos ouvidos dos pais que começaram a se reunir para tomar umas providências legais. E o final foi drástico. Ou ele saía da vila ou a policia iria ser  acionada.O Prof. Miguel,achou por bem ou por mal mudar-se para bem longe de Iguaí. Nesse meio termo,apareceu uma Professora, por nome ESTER GALVÃO GONÇALVES, com todas as letras maiúsculas colocadas por mim mesmo, para homenagear uma das  pessoas mais gradas que conheci em todos os meus anos de vida, em todos os ramos de qualquer atividade.DEUS A GUARDE SEMPRE EM BOM LUGAR.
Com os ensinamentos adquiridos lá em Iguaí, ao final de dezembro, tia Edith, irmã de mamãe, já enviava as primeiras cartas, alertando que os exames de admissão, iriam ser realizados, provavelmente em principíos de fevereiro, antes do Carnaval.
Quando então,  papai, recebeu o recado de tio Julio, vim quase de imediato a  Poções.
A pressa de nada adiantou, pois fiquei aqui de molho, bem  uns três dias. Foi aí então, que comecei a conhecer de perto esta Cidade. Hospedado, juntamente com tio Julio, na República dos Viajantes, verifiquei que a Cidade, naquela época ,se resumia à praça comercial.
 Ainda retenho na memória, as casas comerciais: Farmácia Rolim, Daniel José Alves, Abel Magalhães,Casa Sarno, pois essas , perduraram por muito tempo com seus títulos em sua fachadas.Naquela praça, existiam duas árvores frondosas, que serviam até de apoio para os animais ficarem amarrados nos dias de feira.
Na outra praça, ficavam a pensão do Sr. Arlindo Carvalho, a Igrejinha e mais umas duas ou três casas, sem qualquer destaque especial.
A República dos Viajantes, já citada, ficava bem ao meio da ladeira,onde hoje é o inicio da Avenida Cônego Pithon. Dali  para cima só se via matagal.
No dia então, que tio Julio resolveu os seus afazeres comerciais, viajamos a Salvador .

À partir de 1941, comecei a participar de uma jornada por demais ingrata. Uma viagem de Salvador a Iguaí e vice-versa, girava em torno de quatro dias inteiros,se tudo ocorresse dentro dos "conformes". No primeiro dia , a viagem era de navio( o chamado "vapor", daquela época), que fazia o percurso de Salvador até Nazaré ( a conhecida Nazaré das Farinhas, que tantas vezes , o nosso falecido amigo Carlos Tôrres, citava á respeito), Por sinal, era a viagem mais gostosa. Aquela brisa entremeada com as águas do Atlântico e o rio Paraguaçu. As canoas que traziam e desembarcavam passageiros. Os apitos sonoros do vapor, quando cruzava com outras embarcações. Os acenos das pessoas conhecidas. Enfim , era uma festa, que nos preparava para encarar o restante da jornada.
No segundo dia, partíamos de trem, de Nazaré com destino a Jequié, numa viagem horrorosa. Um trem mal cuidado, com bancos de madeira, poeira à beça, durante todo o trajeto. Às vezes ,surgiam pessoas mal encaradas.Nas paradas das estações, entravam vendedores com alimentos, sabe-se lá como foram feitos, oferecendo aos passageiros, que em sua maioria, também compravam afoitos, naquela ânsia incontida. como se o mundo  fosse acabar naquele momento.Estudante, como eu, considerado pobre sempre,engolia em seco, mas, via aquilo tudo com asco e desprezo. Se tudo ocorresse bem, chegávamos em Jequié nas primeiras horas do anoitecer.
No terceiro dia, aí sim, era o sofrimento maior . Onde arranjar transporte?
Quando surgia um caminhão que viesse para esse destino,Poções, no caso,era um corre-corre desmedido.
Não quero dizer, que todo aquele pessoal viesse para essas bandas, mas o certo que desciam do caminhão ao decorrer da estrada. Se o tempo estivesse firme, com sol , um caminhão bem equipado(é até engraçado falarmos em caminhão bem equipado),o motorista conseguia viajar de seis a oito horas entre Jequié e Poções, contando-se todas as paradas necessárias.
No quarto dia, como os animais já estavam aqui de véspera, seguíamos até Iguaí, montados, sendo que o acompanhante, levava a bagagem com ele.
 Como citei ao longo dessa página, se tudo, tudo fosse visto e ocorrido às mil maravilhas, contando-se quatro dias de vinda de Salvador e mais quatro de volta, lá se iam oito dias  só em viagens. Então Papai achou melhor , que eu não viesse nas férias de meio de ano.Ia para as aulas em março e só retornava a Iguaí em dezembro.

No meio dessa sequência de viagens ,ia a Salvador em fins de fevereiro ou principio de março e só voltava em meados de dezembro, houve duas que não podemos esquecer.
Numa delas, saímos da Salvador numa SEGUNDA-FEIRA(maiúsculas para chamar atenção), com alguns colegas que no mesmo dia já estavam em casa, desfrutando do seu ambiente familiar.Em determinado momento, um deles disse assim:
---Não suporto viajar. Olhem que eu vou saltar em Santo Antonio de Jesus, que é aqui pertinho. Antes do meio dia estarei em casa.
Vale salientar, que foi construído um terminal marítimo no local chamado de Porto de São Roque, e o navio não prosseguia até Nazaré, pois o trem já estava ali aguardando todos os passageiros que iriam seguir viagem. Sendo assim, a nossa viagem já estava reduzida em um dia.Havia também um pequeno senão. O trem fazia uma parada para o almoço o que já atrasava a viagem em pelo menos uma hora. Tio Julio que passara por ali há pouco tempo, me instruiu, que eles serviam um prato de sopa bem quente, antes de colocar os demais pratos.E dessa forma apliquei os velhos ensinamentos.Coloquei salada, feijão arroz, carne, enfim o que tivesse na mesa. Só então tomaria a sopa. A contagem de tempo era tão bem organizada, que ao chegar nos últimos lances do almoço, o apito do trem, já avisava que a continuação da viagem estava próxima.
No próprio trem, fiquei sabendo que na região de Jequié estava chovendo muito e de fato quando lá chegamos por volta das quatro da manhã, caía um TORÓ, de meter medo a qualquer um. Um rapaz, conhecido de Papai , por apelido Duca, estava à minha espera e me conduziu à sua residência. Ele era recentemente casado.Fui dormir. Quando acordei, por volta das nove da manhã de TERÇA -FEIRA,a esposa de Duca, me serviu um  delicioso café e me explicou, que ele fora avisado do atraso do trem no dia anterior.
Ao meio dia Duca voltou do trabalho e me falou que até o momento, não havia aparecido nenhum caminhão para o prosseguimento de minha viagem. E isso ocorreu, quase às quatro e meia da tarde. Subi na carroceria, com a minha pequena maleta e fomos enfrentar a estrada lamacenta até que, mais ou menos às oito da noite, o caminhão caiu num buraco  e tivemos que retornar em outro veículo, a Jequié, chegando à casa de Duca novamente, quase a meia noite. Ao me ver, o mesmo exclamou:
---Irundy,você ainda por aqui. ?!...
Na QUARTA-FEIRA, após o almoço, conseguimos um outro caminhão, que conseguiu aos trancos e barrancos, chegar em Cachoeira de Manoel Roque, hoje Manoel Vitorino, quase às seis horas da tarde. Felizmente não estava chovendo. Mas o motorista, preferiu pernoitar por ali mesmo. Arranjou-se uma pensão,  para passarmos a noite, depois de jantarmos, uma comidinha feita às pressas, pois a dona da pensão não esperava  , tanta gente de uma vez só.
Na QUINTA-FEIRA, após o café, seguimos viagem, chegando em Poções à tardinha, sem termos tido nenhuma confusão.
Poções, continuava no mesmo de sempre. Evolução praticamente nenhuma.
Como sempre, fui hospedar-me na Pensão do Sr. Arlindo Carvalho.
Eram cerca de cinco da tarde, quando uma das empregadas da pensão, foi ao meu quarto, dizendo que na porta estava um senhor querendo falar comigo.Fui ver quem era.
Um senhor, aparentando estar perto dos quarenta anos, baixo, meio gordo,avermelhado, pensei a principio estar em presença de um parente do Sr. Arlindo Carvalho, que se identificou como sendo Bernardo Espinheira Messias.
---Sou amigo do seu pai e vim buscá-lo para ficar conosco em nossa residência.
Fui pegar a bagagem e falei com a moça que depois viria acertar a hospedagem da pensão.
No trajeto para a casa dele, o Sr. Bernardo disse-me que quando recebeu o recado vindo de Iguaí, o caminhão havia chegado antes e por isso ele fora me procurar àquela hora.Disse-me também, que devido as chuvas, os animais iriam atrasar um pouco e provavelmente só poderíamos viajar no sábado.
Na residência do Sr.; Bernardo, conheci a sua esposa, por nome Enedite , um garoto pequeno com uns três anos de idade, por nome Carlos Nei e uma menina quase recém -nascida, chamada de Rosa..
Tomei banho, jantamos e o resto da noite fiquei brincando com o Carlos Nei em cima de um tapete da sala, com os brinquedinhos dele.
Na SEXTA-FEIRA,saí após o café com o Sr. Bernardo ,que trabalhava numa Coletoria e fui rever os pontos principais da Cidade.
Somente à tarde, um rapaz chegou com dois animais e fui avisado que no sábado logo cedo, iriamos a Iguaí.
De fato, no SÁBADO, após o café ,despedi-me do Sr. Bernardo,de Dona Enedite e em companhia do rapaz, começamos a galgar a última etapa da viagem. Eram 57 quilômetros, de Poções até lá. Atravessamos muitos rios cheios o que dificultou mais ainda o nosso percurso. O fato é que no meio da tarde, chegamos no mesmo local, que anos atrás Papai repousara com toda a nossa família.
Somente no DOMINGO, próximo o meio dia, chegamos ao portão lá de casa. Uma semana inteira viajando de Salvador a Iguaí. Também foi a primeira e última. Quando mamãe me viu exclamou:
---Meu filho, há quanto tempo !...  

A estrada de rodagem, Poções-Iguaí , passando por Nova Canaã, era lastimável.
Um certo dia, Papai chegou em casa dizendo que um caminhão iria sair pouco depois das dezesseis  horas e eu me preparasse para viajar nele, à Poções. O tempo estava ameaçador. Nuvens negras já se formavam ao longe. Na hora aprazada, subi na carroceria em companhia de uma meia duzia de pessoas, fora as que estavam na boléia ao lado do motorista.A viagem estava tranquila até Canaã , quando se formou repenti- namente uma tempestade daquelas que  eu estava  acostumado a ver naquela zona da mata,embora nunca tivesse viajado com uma delas. Era costume naquele tempo, colocar-se correntes nas rodas dos caminhões,  porque a subida chamada de SETE VOLTAS OU CAPA BODE, era sumamente perigosa.Os veículos derrapavam muito e ninguém se aventurava a subir ou descer aquela serra. Embaixo da lona, o pessoal começou a cochichar, demonstrando inquietação e medo. De vez em quando eu ajeitava o meu chapéu de feltro, que Papai comprara, por causa da poeira durante a viagem de trem. Devido ao movimento do caminhão, a lona de vez em quando desarrumava o chapéu da cabeça e tornava recolocá-lo.
Eis que, em certo momento, devido a incessante chuva, entremeada com relâmpagos, raios e trovões, o caminhão resvalou e caiu num buraco. O motorista e o ajudante, debaixo daquela chuva torrencial, tentaram de todos os jeitos e maneiras , safar o veículo do buraco,mas não conseguiram. A noite se avizinhava e o empecilho estava formado. Um dos passageiros falou ao motorista:
---Olhe, aqui perto mora um amigo meu, e nós poderíamos pedir abrigo por esta noite.
Todos concordaram em fazer aquela tentativa. Porque passar a noite em baixo daquela lona com aquela chuva toda, não era programa pra ninguém.
Por sorte nossa( em parte ,diga-se de passagem) o dono da casa, possuía uma espécie de barracão, acho que para armazenar mercadorias de todos os tipos.Era um salão grande e alto, tendo lá no fundo umas divisórias,  possivelmente quarto e cozinha para ele e a esposa. Não vi nenhuma criança.
Uns homens mais desenvoltos, começaram a comandar aquele estado de coisas.Assim, é que foram distribuídas para todos, umas lascas de lenha, que iriam servir de cama. No centro do salão, armaram uma pequena fogueira, para nos aquecer durante a madrugada.Alguém, que trazia consigo, requeijão, mel e farinha, vendeu a todos determinados quinhões, por preço relativamente razoável e foi um jantar do qual não tenho saudades. Requeijão horrível !. Mel, onde as abelhas deveriam ter passado a uns mil quilômetros. Farinha? daquelas bem grossas, para não escapar dos sacos. Só salvou-se mesmo, a água, que por certo a dona da casa, aparou, logo após, a chuva ter lavado bem a cobertura da casa.
Agora, vamos dormir!
Pergunta-se : ALGUÉM, QUE ESTÁ LENDO ESSE RELATO, JÁ DORMIU ALGUMA VEZ,EM CIMA DE ALGUMAS LASCAS DE LENHA, SOBRE UM CHÃO ÚMIDO E DURO E AINDA COM  A CHUVA CAINDO LÁ FORA ?
Aos poucos, o pessoal foi parando de conversar e o sono finalmente, chegou para todos.
Meu travesseiro, foi o chapéu de feltro.
Lá para as tantas da madrugada, alguém , sem fazer barulho, sorrateiramente, se deslocou entre todos que dormiam profundamente e saiu solicitando uma lasca de lenha de sua cama, para colocar na fogueira a fim de que a mesma não se apagasse.
Felizmente o dia estava amanhecendo. A chuva cessara.
Mas , comecei a perceber uns piados incessantes ao meu lado direito. Os piados aumentavam aos poucos,à medida que se aproximavam de mim.  Fui raciocinando sobre o que poderia estar acontecendo:
---"Seria uma cobra pequena, que devido a chuva, esgueirou-se e estava por ali para aquecer-se ?".
Quando então, notei,  que o piado estava quase próximo ao meu ouvido do lado direito, num ímpeto de coragem, virei=me rápido e com a mão esquerda agarrei algo quente. Com a claridade da fogueira, percebi que segurara o pescoço de um filhote de perua.
QUE ALÍVIO !
O dia clareou e aos poucos cada qual procurou lavar o seu rosto e enxaguar a boca num pequeno córrego formado pela própria chuva durante a noite.
Os homens se prontificaram em ajudar ao motorista e ao ajudante e em pouco tempo conseguiram desvencilhar o caminhão do buraco.
O restante da viagem foi tranquila e chegamos a Poções, por volta das dez da manhã.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Autobiografia de Iruindy Dias( p 55 )

Logo após o anuncio de que Armando estaria de volta a Salvador, a fim de trabalhar na Nitrocarbono e também na Acrinor, duas companhias já implantadas no Polo Petroquímico, nós fizemos todos os agradecimentos ao meu irmão e à sua cunhada Têca.
Então, passamos aquela fase de onde colocarmos as duas garotas. Nó então, teve a lembrança de solicitar aquela família de italianas, que a haviam hospedado anos atrás, quando teve a oportunidade de estudar em 1954, no Colégio Ipíranga. Não era propriamente um pensionato, mas Sybele e Mercês acostumadas com Têca, acharam o local inadequado para ambas e começaram a falar que Benito Schettini alugara um apartamento em Salvador e se desse certo, elas poderiam ficar com os filhos dele, pois haviam sido colegas no curso ginasial.

Em 1977, Benito Schettini, tendo levado seus filhos para estudar em Salvador, resolveu alugar um apartamento e através de suas filhas Teinha e Suzana, que haviam sido colegas de turma de Sybele e Mercês, nós recebemos um convite, para que nossas meninas ficassem no mesmo apartamento e que as despesas seriam divididas proporcionalmente ao número de cabeças . 

Nessa mesma época, em Salvador, Amélia e Tereza, abriram um boutique no Porto da Barra, vizinha ao apartamento onde moravam, significando isso,  que elas não teriam que gastar com transporte. Amélia tinha um trabalho mais pesado, pois, além de ao lado de Tereza, atender a freguesia, deslocava-se em certos momentos para  o apartamento, a fim de cuidar da alimentação do pessoal, visto que a garotada pela manhã, frequentava suas escolas.

Através de certas amizades feitas com as suas freguesas, no mês de julho, surgiu no Rio de Janeiro a propaganda da realização do III Congresso Internacional de Odontologia, a ser realizado entre 15 a 21 de julho e Amélia conseguiu para nós, uma hospedagem num apartamento em Copacabana, com uma delas. O interessante, é que a moça era casada ,onde o marido trabalhava em São Paulo e ela diariamente viajava, deixando somente a filha adolescente dentro do apartamento.

Apesar que o Congresso iria ser realizado na Zona Norte, próximo ao Estádio do Maracanã, nós fizemos uma camaradagem com um taxista e todos os dias ele nos levava logo após as sete e meia e nos trazia de volta às dezoito horas. Dessa forma, com hospedagem gratuita e o transporte bem reduzido no preço, frequentamos todos os eventos do III Congresso Internacional,  com um gasto bem insignificante. Enquanto Sybele e Mercês, alojadas em Salvador, com o pessoal de Benito e Dino e Guga, entregues ao Sr Jambinho e Lera, na fazenda, viajamos despreocupados e passamos no Rio, contando-se a viagem de ida e volta, precisamente sete dias.

Ainda naquele mesmo ano, fomos a Salvador, não só pela meninas, para desapertar a saudade, como também para participar in loco do II Congresso Bahiano de Odontologia, onde para prolongar bem a nossa estada, na rua direita da Piedade, 9, inscrevi-me em todos os cursos disponíveis.
Durante o Congresso, de acordo com o esquema que eu “montei”, ainda tínhamos tempo, à tarde, para buscar Sybele e Mercês no apartamento, e saíamos com elas duas, ali por perto, ora fazendo um lanche, ora tomando um sorvete.






                                                                      169

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Copa do Mundo de 2014( Anexo a autobiografia )

GRUPO A
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
1
12/06 17:00
-
2
13/06 13:00
-
17
17/06 16:00
-
18
18/06 18:00
-
33
23/06 17:00
-
34
23/06 17:00
-

GRUPO B
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
3
13/06 16:00
-
4
13/06 18:00
-
19
18/06 16:00
-
20
18/06 13:00
-
35
23/06 13:00
-
36
23/06 13:00
-

GRUPO C
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
5
14/06 13:00
-
6
14/06 22:00
-
21
19/06 13:00
-
22
19/06 19:00
-
37
24/06 16:00
-
38
24/06 17:00
-

GRUPO D
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados

7
14/06 16:00
-
8
14/06 18:00
-
23
19/06 16:00
-
24
20/06 13:00
-
39
24/06 13:00
-
40
24/06 13:00
-

GRUPO E
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
9
15/06 13:00
-
10
15/06 16:00
-
25
20/06 16:00
-
26
20/06 19:00
-
41
25/06 16:00
-
42
25/06 17:00
-

GRUPO F
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
11
15/06 19:00
-
12
16/06 16:00
-
27
21/06 13:00
-
28
21/06 18:00
-
43
25/06 13:00
-
44
25/06 13:00
-

GRUPO G
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
13
16/06 13:00
-
14
16/06 19:00
-
29
21/06 16:00
-
30
22/06 18:00
-
45
26/06 13:00
-
46
26/06 13:00
-

GRUPO H
Jogo
Data - Horário
Local
Resultados
15
17/06 13:00
-
16
17/06 18:00
-
31
22/06 13:00
-
32
22/06 16:00
-
47
26/06 17:00
-
48
26/06 17:00
-