quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( p 42 )

A UDN ( União Democrática Nacional) e o PR ( Partido Republicano)haviam se engalfinhado na eleição de 1958, tentando eleger os seus candidatos Miguel Lopes Ferraz e Bernardo Tôrres Coêlho, que inegavelmente eram duas pessoas honestas, distintas e de boas projeção social na cidade, mas infelizmente, não possuíam nenhum prestigio político eleitoral. Essa desunião entre os dois partidos, deu margem a que o PSD (Partido Social Democrático)lançasse o nome do Sr Olímpio Lacerda Rolim, homem de bom caráter, amigo dos elementos mais carentes e que em sua farmácia atendia a todos, indistintamente, ganhando dessa forma,  maior apoio junto ao eleitorado, vencendo s eleições até com certa facilidade. Fez um governo razoável, dentro das condições, precárias que o Município passava, onde a arrecadação municipal era fraquíssima e as verbas oriundas do Estado e da União eram de baixo nível. Depois que os quatro  anos do seu governo foram esgotados, então na nova eleição de 1962 surgiu e a UDN e o PR, resolveram se aliar outra vez e conseguiram eleger o vereador Aníbal Gonçalves de Carvalho.Com a derrota do PSD, via-se sempre a figura amiga do Sr. Emério Pithon, que de vez em quando gostava de tomar umas e outras e se postava no passeio da farmácia de Fábio Rocha, fazendo os seus mini discursos, onde destacava-se sempre a frase:
---“ Eu, Emério Pithon, sou o pessedista número um desta cidade.”
Mas o que ele dizia de maneira                nenhuma feria os brios de quem quer que fosse. O pessoal que passava por perto levava na gozação e caminhando assim, Poções, continuava aos desmandos daquela política bem barata e sem alternativas de crescer. Sentia-se até vergonha de ao chegar a Vitória da Conquista, ouvir de alguns, dizerem que Poções, era um subúrbio daquela cidade. E de fato, parecia mesmo. Qualquer necessidade maior da população recorria-se a Vitória da Conquista, pois aqui não se encontrava, para adquirir. Particularmente, como dentista, não achava em Poções, nenhum material odontológico, mesmo que fosse um simples  tubinho de anestésico.
O nosso Natal foi comemorado em família, com a presença de Tavinho, Amélia, Tereza, Nó e eu. Jurimar, depois de casada já partira para Fortaleza onde ficou residindo, logo após a conclusão do serviço feito pelo DNOCS em Morrinhos. O esposo dela, Hélio Pinto Vieira, cuja família era radicada naquela capital, resolveu apresentar-se ao seu escritório onde exercia o seu emprego.
O clube social encontrava-se no mesmo local à Praça da Bandeira, mas a nova diretoria, já começara a construir os alicerces da futura sede social.
O Réveillon transcorreu tranquilo e  naquela oportunidade tivemos a companhia de Erico e sua esposa, que haviam sido nossos vizinhos, quando morávamos a Praça da Bandeira. Mesmo sem serem sócios, ao comprar uma mesa, recebi quatro convites, sendo que dois serviram como entrada para eles. Naquela época, era moda um tipo de bebida chamada “ cuba libre “, uma mistura de Rum com Coca-cola.

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A origem da palavra “ cuba libre “, surgiu no período da guerra fria entre Estados Unidos e Russia. Enquanto esta, mandava todo o apoio possível para Cuba, inclusive exercendo disfarçadamente certo poder, tentando denegrir a imagem dos Estados Unidos, que por sua vez, olharam sempre aquele país com muita desconfiança. Como Cuba, sempre fabricou a bebida Rum, desde aqueles velhos tempos os piratas do Caribe. Nos meados do século 20, os Estados Unidos lançaram no mercado, o refrigerante Coca-Cola, hoje em dia espalhado pelo mundo inteiro  e aí fizeram a associação das duas bebidas, batizando-a com o nome cuba libre, que durante certo período dominou os bares e salões de festas. Só que o brasileiro, adicionou limão, para retirar o sabor picante do rum e o adocicado da Coca-Cola, tornando a mistura mais saborosa. Naquela época o tipo de rum vendido em larga escala era rotulado como RON MERINO e hoje em dia, não sei dizer se ainda existe no mercado. Entretanto, apareceram outras marcas substituindo integralmente a primitiva.
A nossa mesa era a última do salão, colocada ao lado esquerdo do palco, onde os músicos ficavam e obrigatória passagem das senhoras e senhoritas que se dirigiam à toalete, para retocar as suas maquiagens. Melhor até do que a última mesa do lado oposto, onde passavam todas as pessoas que se dirigiam ao bar e sanitários masculinos onde seus ocupantes ficavam às vezes , sujeitos a esbarrões de alguns festeiros meio embriagados. Mesmo com esses senões, a festa transcorria às mil maravilhas. Érico saiu mais cedo com a sua esposa e notei até que estava um pouco bamboleante, devido a certo consumo da “cuba libre “.Nó e eu que tínhamos o hábito de sair no cisco, nem perdemos a “esportiva”, dançamos praticamente até a festa acabar. Não residíamos mais, ali perto e como não possuíamos nenhum veiculo para nos transportar, fomos andando tranquilamente até chegarmos  em casa na ladeira da Avenida Cônego Pithon . Durante o trajeto ficávamos c0mentando sobre os dançarinos que estavam na festa e de preferência às pessoas de Dr. Ruy Espinheira e Benevaldo Rocha, que possuíam um tipo peculiar de dançar. As suas esposas nunca apareceram nas festas, possivelmente não gostavam de dançar e eles dois não perdiam tempo. Escolhiam a dedo as mocinhas mais desenvoltas e davam um verdadeiro show no salão. Sempre admirei a maneira elegante deles dois ao deslizar suavemente no salão.
Ao reinicio das aulas, estando Noélia já matriculada no terceiro ano de magistério, recebemos certa noite, a visita do casal Pedro Alves Cunha e Dona Regina. Nas primeiras conversações, notamos logo, que já era o começo de uma nova campanha política. Com todo o respeito e sem alardear nenhum comentário, ouvimos suas propostas, inclusive até de ajudar sempre a CNEG. Ouvimos e agradecemos por suas visitas e somente fomos comentar o acontecido num determinado sábado, quando da chegada do Sr. Jambinho para jantar , em companhia de Tavinho ,Amélia, e Tereza.. Foi Noélia que começou, dizendo:
---Meu pai, nesta semana, recebemos lá em casa, a visita de Pedro Cunha de Dona Regina, onde prometeram ajuda ao colégio onde ensinamos. Ele é candidato a Prefeito nas próximas eleições. O que é que o senhor acha disso?
                                                                      
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