sábado, 30 de novembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( p 51 ) x

Copa do Mundo de 1974
Alemanha Ocidental de Franz BeckenbauerGerd Müller e outros era uma grande favorita. Outro selecionado, porém, surgiu como revelação a ameaçar esse favoritismo - os Países Baixos de Cruyff e Neeskens, que acabou sendo inovadora em suas atuações, apresentando resultados favoráveis. O timaço dos Países Baixos, dirigido por Rinus Michels, revolucionou o futebol mundial implementando um sistema tático onde os jogadores não guardavam posição fixa: era o chamado carrossel holandês. Os Países Baixos, apelidados de Laranja Mecânica (em alusão ao filme de Stanley Kubrick) chegaram à final como os grandes favoritos ao título.1O mundial foi transmitido em cores pela TV em 70 países e foi a primeira Copa do Mundo onde os jogadores começaram a usar número nos calções.Seguindo a tendência inaugurada no mundial anterior, a bola oficial era a mesma: a Telstar, fabricada pela Adidas. Nesse mundial foram utilizados dois modelos: a principal, com hexágonos brancos e pentágonos pretos, que foi utilizada na maioria dos jogos, e uma totalmente branca, que foi utilizada em 8 jogos, incluindo a semifinal entre Brasil e Países Baixos, e a decisão do 3° lugar entre Brasil e Polônia.
Brasil, sem PeléGérsonCarlos Alberto TorresTostão e Clodoaldo, não era sombra do super time de 1970. Jogando um futebol defensivo, o time suou para empatar contra a Iugoslávia e Escócia e ganhar do Zaire por 3 a 0, na medida para se classificar.
O Zaire (atual República Democrática do Congo) participou pela primeira vez da Copa do Mundo, ao vencer o Campeonato Africano de Nações (que era classificatório para o Mundial naquela época). Pela classificação para a Copa do Mundo, todos os jogadores receberam como prêmio do governo de seu país, casa e automóvel. Mas devida à péssima campanha no Mundial, os prêmios foram confiscados mais tarde.
No jogo Iugoslávia e Zaire na 1ª fase, a Iugoslávia vencia por 2X0, quando o goleiro zairense Kazadi pediu para ser substituído, alegando que mal tinha tocado na bola em 20 minutos jogados. Em seu lugar, entrou Tubilandu, que, logo depois que, entrou, teve que trabalhar - teve que pegar a bola no fundo da rede, depois que a Iugoslávia marcou seu terceiro gol. No final, a Iugoslávia goleou por 9X0 e ficou com o 1° lugar na chave.
Pelo menos, a equipe do Haiti teve um motivo para se orgulhar: ao marcar seu único gol na derrota por 3X1 diante da Itália, foi quebrada a invencibilidade da defesa italiana, que não tomava um gol desde 1972, e do goleiro Dino Zoff, que estava 1.142 minutos sem tomar gol. Coube a Emmanuel Sanon (falecido em 2008) esta façanha.
Na única vez em que as duas Alemanhas se enfrentaram em uma Copa do Mundo, a Alemanha Ocidental, demonstrando sua frieza, abriu mão de sua invencibilidade e perdeu para a Seleção Alemã Oriental de Futebol por 1 a 0, evitando cair no grupo de Brasil e Países Baixos na segunda fase da Copa.
Um dos grupos mais fortes da copa era o D com PolôniaItália e Argentina brigando pelas 2 vagas e o pobre do Haiti servindo de saco de pancadas para os protagonistas conquistarem saldo. O Haiti perdeu da Itália por 3 a 1, da Argentina por 4 a 1 e da Polônia por 7 a 0. Deu a lógica e quem goleou por mais acabou passando, avançando Argentina e Polônia. A Laranja Mecânica passeou no seu grupo e ganhou do Uruguai por 2 a 0, empatou com a Suécia 0 a 0 e goleou a Bulgária por 4 a 1.A Escócia se tornou a primeira seleção a ser eliminada na 1ª fase sem perder um só jogo. Curiosamente, ela foi a única equipe invicta do torneio.No mundial houve a estreia do chamado cartão vermelho, a primeira vitima dele na história das Copas, foi o atacante chileno Carlos Caszely que foi expulso aos 22 min do 2º tempo no jogo Alemanha Ocidental 1X0 Chile. O próprio Caszely era opositor ferrenho do ditador chileno Augusto Pinochet, que tomara o poder no país meses antes, após liderar um golpe de estado. Devido à sua expulsão, posteriormente Caszely foi proibido de jogar futebol em seu próprio país. Ele acabaria jogando em clubes da Espanha nos tempos politicamente mais difíceis.
Foi também o primeiro mundial que ocorreu o primeiro caso de doping. O fato ocorreu com o zagueiro do Haiti Jean-Joseph, na partida em que sua seleção foi goleada pela Polônia por 7 x 0. No dia seguinte ao anúncio pela FIFA, seguranças da delegação tiraram o atleta do quarto onde dormia, levaram-no para um jardim na própria concentração e deram-lhe uma brutal surra. Em comunicado distribuído à imprensa, a delegação do Haiti disse que a agressão foi justificada pelo doping, onde o zagueiro, com sua atitude, envergonhara a sua pátria.
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Chega a Segunda Fase; neste mundial com dois grupos de 4, os melhores vão à final e os segundos colocados vão disputar o terceiro lugar. O Brasil ganha da Alemanha Oriental por 1-0, e da Argentina, por 2-1. A Holanda goleia a Argentina por 4-0 e vence a Alemanha Oriental por 2-0.
Pelo melhor saldo de gols, a Holanda joga pelo empate na rodada final contra o Brasil. Em um jogo tenso, e por muitas vezes violento, a Holanda leva a melhor, vencendo por 2 a 0 na partida que decidiu o finalista de seu grupo.
Nas partidas de semifinais, que definiriam os finalistas, e quem decidiria o 3° lugar, entre Brasil e Holanda, e entre Alemanha Ocidentale Polônia, os jogos foram interrompidos durante seu andamento para se dar um minuto de silêncio pelo falecimento do presidente argentino Juan Domingo Perón ocorrido dois dias antes.
Já no outro grupo da segunda fase a Alemanha vence a Iugoslávia por 2-0, a Suécia por 4-2. A Polônia venceu a Suécia por 1-0 e a Iugoslávia por 2-1. Pelo melhor saldo de gols, a Alemanha tem a vantagem do empate no jogo contra a Polônia. Em um jogo difícil em um campo encharcado, a Alemanha vence a Polônia por 1-0, e vai à final.
Nesta fase, o goleiro polonês Jan Tomaszewski, conseguiu a proeza de defender dois pênaltis. Um na partida contra a Suécia, em que defendeu o tiro de Tapper, e na semifinal contra a Alemanha, em que defendeu a cobrança de Uli Hoeness. Tal façanha não foi superada até hoje. Só foi igualada no mundial de 2002 pelo goleiro norte-americano Brad Friedel.
A partida entre Alemanha Ocidental e Polônia foi realizada com meia hora de atraso, devido à intensa chuva, que deixou o gramado do estádio totalmente alagado. O Corpo de Bombeiros foi acionado para drenar o campo com bombas de sucção, enquanto os funcionários do estádio percorriam o gramado com carrinhos de drenagem, para deixar o campo em condições de jogo. Mesmo assim, o campo continuou com poças de água durante a partida.
Restou ao Brasil jogar e perder, pelo terceiro lugar da Copa, contra a Polônia, 1 a 0 gol de Lato, que seria o artilheiro do torneio.Na final, a Holanda saíram na frente logo no início gol de pênalti, com pouco mais de um minuto de jogo, sem que sequer um alemão tivesse tocado na bola. A Alemanha não se abala, e chega ao empate também de pênalti. Müller aproveita a bola na área e faz o gol da virada.
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Depois só deu Países Baixos, mas Sepp Maier, o arqueiro germânico, parou o ataque dlaranja mecânica e a Alemanha repetiu 54: virou para cima da grande favorita da final e sagrou-se bicampeã do mundo.
Pela conquista da Copa do Mundo, cada jogador alemão ganhou um prêmio de 50 mil dólares e um Fusca 0 km. Cada jogador holandês ganhou 100 mil dólares, apesar do vice-campeonato.


A classificação final das seleções levou em conta o número de pontos estabelecidos na época (1 vitória dava 2 pontos, 1 empate dava 1 ponto e 1 derrota dava 0 ponto), levando em conta esses pontos dentro da chave dos eliminados na segunda fase e da chave dos eliminados na primeira fase. O primeiro e segundo lugar foram determinados independentemente dos pontos, considerando a partida final, e o terceiro e o quarto lugar foram determinados independentemente dos pontos, considerando a partida da disputa de 3º lugar.
Em caso de empate em número de pontos (como ocorreu com Suécia e AlemanhaIugoslávia e ArgentinaChile e Bulgária e Haiti eZaire), fica na frente a seleção cujo saldo de gols tenha sido maior. Já no caso do desempate entre Uruguai e Austrália, este ficou decidido nos gols a favor, já que eles empataram também no saldo de gols.

Campeão
12 pontos
Vice-Campeão
11 pontos
3° lugar
12 pontos
4° lugar
8 pontos
5°. Descrição: Flag of Sweden.svg Suécia
6 pontos
6 pontos
7°. Descrição: Flag of SFR Yugoslavia.svg Iugoslávia
4 pontos
8°. Descrição: Flag of Argentina.svg Argentina
4 pontos

9°. Descrição: Flag of Scotland.svg Escócia
4 pontos
10°. Descrição: Flag of Italy.svg Itália
3 pontos
11°. Descrição: Flag of Chile.svg Chile
2 pontos
12°. Descrição: Flag of Bulgaria.svg Bulgária
2 pontos
13°. Descrição: Flag of Uruguay.svg Uruguai
1 ponto
14°. Descrição: Flag of Australia.svg Austrália
1 ponto
15°. Descrição: Flag of Haiti (1964-1986).svg Haiti
0 ponto
16°. Descrição: Flag of Zaire.svg Zaire
0 ponto
                                                                              

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( p 52)

Em fevereiro de 1975, alguns associados da ACASCP ( Associação de Cultura e Assistência Social da Cidade de Poções), me delegaram poderes, para tentar recuperar a parte física e social da Entidade, abandonada por algum tempo, já apresentando um estado LASTIMÁVEL, tanto no aspecto da sede ,como em sua volta. Aceitei a incumbência, sabendo de antemão, que não poderia fazer nenhum milagre, mas pelo menos tirar o clube daquele estado de penúria, para tentar torná-lo apresentável aos olhos dos sócios ou de seus convidados. Procurei logo inicialmente a pessoa que era chamada de zelador e que estava com as chaves das dependências do prédio. Convidei uns dois associados para olhar comigo a situação da sede social e o que vi foi de estarrecer. Os sanitários masculino e feminino estavam com seus vasos quase que totalmente quebrados. A sujeira e a fedentina eram por demais insuportáveis. As pias entupidas e não saia água pelas torneiras, porque a sujeira do tanque não deixava a mesma  escorrer pelo canos. As paredes sujas. O fôrro mal cuidado. O piso, por incrível que pareça era o que apresentava o melhor aspecto, embora faltassem alguns tacos. As janelas não possuíam vidros Do lado de fora do prédio, haviam feito com o passar do tempo, duas estradas   deixando-o completamente isolado e exposto a ação perversa dos vândalos. Então, naquela primeira visita, constatamos que urgia levantarmos um muro para poder isolar a área circundante ao prédio. E o dinheiro de onde sairia?
Nessas conjecturas de como começar os trabalhos, eis que eu recebo em nossa residência, um oficio da Junta de Conciliação e Julgamento, sediada em Vitória da Conquista para atender a um processo movido pelo ex-zelador, contra o clube, para atender e regularizar a situação trabalhista do mesmo.
Enquanto isso, pedi permissão ao Delegado, para que o clube realizasse bingos aos sábados a noite e domingos pela manhã, para conseguirmos amealhar algum dinheiro, para fazer face as despesas que se avizinhavam de imediato.
Contratamos os serviços de um pedreiro e um ajudante, para iniciar as obras de levantamento do muro e o material necessário, como blocos de cimento, areia, ferro e sacos de cimento, foram adquiridos, para pagamento a prazo, e  de forma  semanal.
Até chegar o dia do Julgamento do processo, consegui gratuitamente com um amigo nosso advogado e residente em Vitória da Conquista, a defesa do clube e concluídas as demarches, o clube deveria indenizar o ex-zelador em quinze mil cruzeiros que deveriam ser pagos em dez parcelas de um mil e quinhentos cruzeiros.
No mês de março, apareceu  em nossa residência, o representante de um conjunto de Cruz das Almas, propondo realizar uma festa dançante num sábado ou num domingo, com preços bem razoáveis. Aleguei que o clube estava numa fase de transição e não poderia arcar com a responsabilidade de fazer festa com preços altos. Depois de algumas conversações, a festa sendo num sábado, sairia por dezoito mil cruzeiros, com a viagem por conta do conjunto, mas a hospedagem na pensão e o lanche durante a festa seriam por conta do clube. Naquele bate papo, lembrei-me que a festa do Divino sempre era encerrada num domingo. Porque não aproveitar a data sem que o individuo soubesse?

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Aí ,tomando uma coragem repentina saí com essa :
---Meu caro amigo o clube ainda não tem condições de realizar festa aos sábados. Dezoito mil, fora a pensão e lanche irão sair muito caro. Qual o preço que o senhor fará num domingo?
O representante do conjunto pensou um pouco e perguntou:
---Para quando o senhor quer a festa?
---Vamos olhar aqui um calendário--- respondi.
Olhando então, um calendário nosso de parede, verifiquei que o domingo de Pentecostes cairia no dia 18 de maio. Continuei:
---Vamos escolher esse domingo aqui. Vocês já tem algum contrato nessa data.?
---Não .
---Ótimo. Qual o preço então sem a obrigação nossa de pagar pensão. O lanche será por nossa conta.
O representante olhou para mim e disse;
---Que tal dois mil cruzeiros ?
Com aquele preço, durante a realização da festa do Divino, pensei comigo:
“Nessa festa, vamos ganhar tanto dinheiro, que o clube não terá nem lugar prá guarda-lo.”
--- Está fechado . Vamos assinar o contrato !
Ainda em março, conseguimos os serviços de um cobrador, para tentar colocar as mensalidades em dia.
Enquanto por um lado, nós tentávamos melhorar a situação do clube, os próprios vândalos da Cidade destruíam certas partes do muro, já levantadas e o pedreiro logo pela manhã chegava lá em casa aborrecidíssimo. E não era para ficar mesmo? Como é que você está executando um trabalho e vem alguém propositalmente e destrói aquilo que já está feito ?
Em companhia de dois sócios abnegados, compramos os vidros e a massa própria para prendê-los nas molduras das janelas. Foi um trabalho que realizamos todos os sábados no período da manhã, como também nos domingos pela manhã e a tarde. Para que nenhum vândalo tentasse quebrá-los, começamos o serviço pelas janelas da frente do clube, pois ficando mais próximas da pista da Avenida Cônego Pithon, tornar-se-ia mais fácil para nós, a fiscalização. Então, a medida que o muro ia sendo levantado, nós íamos acompanhando a confecção do nosso serviço. Em breve ,também, as duas estradas que passavam dentro da área do clube, deixaram de existir com a construção do muro.

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Em maio, tive a audácia de ir até Banco do Brasil e tomei emprestado em meu nome, com o aval de Carlos Torres, a quantia de vinte mil cruzeiros, para concluir e pagar o restante dos serviços que estavam sendo executados. Os sócios mais íntimos à minha pessoa ficaram receosos, mas em reunião com o grupo, afirmei categoricamente:
---Gente, com a realização da festa no domingo de Pentecostes, que é o último dia das Festas do Divino, iremos recuperar esses vinte mil cruzeiros e pelos meus cálculos, pretendemos arrecadar mais uma quantia superior a essa. Vocês todos estão vendo que o nosso bingo está funcionando a ”pleno vapor”.
Até os mais incrédulos concordaram e seguimos nos nossos planos.
Mais adiante em outra reunião, disse para a turma:
---No segundo semestre, nós iremos funcionar aos domingos à tarde, com matinês dançantes, para adultos e jovens, principalmente a criançada filhos dos sócios.
---Você está com muita coragem, doutor—disse um dos colaboradores.
---Espero que tudo dê certo. Reparem que até hoje não nos apertamos para pagar os mil e quinhentos cruzeiros da indenização do ex-zelador.
Como prevíramos, a festa foi um sucesso. Os sócios e suas famílias, puderam participar de um evento que há tempos o clube não proporcionava. Vendemos muitos ingressos a pessoas selecionadas com muito carinho. E no final, como também esperávamos, arrecadamos o suficiente para colocarmos todas as despesas em dias. Quando na terça feira eu cheguei ao Banco do Brasil para pagar o empréstimo, o funcionário que me atendeu disse-me:
---Doutor, o senhor ainda tem três meses para pagar o empréstimo.
---Obrigado, mas já trouxe o dinheiro que está aqui comigo.

Lá adiante, em comum acordo com muitos pais associados ou não, fizemos uma reunião para em outubro realizarmos a festa de debutantes. Minha filha Mercês também iria  participar, tal qual aconteceu na época de Sybele.

Quando chegou a data prevista, foi o acontecimento do ano. Muitas moças debutantes bonitas, encheram os olhos da rapaziada. Mercês e eu, dançamos a valsa participamos ativamente do desenrolar da festa, que não visou lucro para o Clube.
No Réveillon, trabalhamos para não ficarmos no vermelho e conseguimos praticamente zerar receita com despesa.
Na segunda quinzena de janeiro de 1976, realizamos as eleições depois de divulgarmos com bem antecedência.  A referida. Nenhuma chapa se inscreveu e praticamente ganhamos sem nenhuma cosntestação,

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Agora sim. De acordo com os Estatutos a nossa Diretoria foi eleita soberanamente, O ano que passou era um aglomerado de pessoas tentando reerguer uma entidade quase falida. Tudo ia de vento em popa, mas não esperávamos o que iria acontecer no carnaval. Muitos sócios viajaram, para pegar as suas praias. Outros que não gostavam de Carnaval nem no clube apareceram. E resultado foi  triste e melancólico. Financeiramente tomamos uma pancada no valor de quatorze mil cruzeiros e na primeira reunião depois do Carnaval abri o bico dizendo:
---No ano que vem não contem comigo para realizar o Carnaval, Os sócios já deram a sua resposta. Numa festa só, perdermos quatorze mil cruzeiros, teremos que trabalhar muito para recuperar esse prejuízo que não estava no nosso programa.
---Foi azar nosso --- disse um.
---O pessoal há tempos que não participava de Carnaval, achou melhor ir a praia--- disse outro.
Engoli os comentários em seco para não criar mais polêmica. Entretanto ao chegar a Festa do Divino de 1976, conseguimos reaver um pouco do prejuízo. No período de setembro/outubro não conseguimos formar o grupo de debutantes. Em compensação, recebi uma pequena carta do Deputado Manoel Novaes, dizendo que da sua verba pessoal, colocara uma pequena quota para o clube aplicar em assistência social e que depois ele explicaria melhor como funcionar quando a verba chegasse até a conta do clube, no Banco do Brasil. E de fato, antes do final do ano, verifiquei um depósito em conta da ACASCP. Reunida a Diretoria deliberamos aplicar aquela verba, no funcionamento de uma escolinha só para criancinhas de três a cinco anos, que ainda não estivesse alfabetizada. Pelos nossos cálculos a verba daria apenas para funcionar a escolinha, com  todas as despesas pagas entre seis a oito meses. Contratamos a professora Silvia, filha do Sargento do Tiro de Guerra, Severino Bispo dos Santos e a mesma trabalhou enquanto durou a verba. Como não veio outra, no ano seguinte, encerrou-se aquela história inédita na vida ACASCP.
As matinês continuaram num ritmo crescente, pois o pessoal já ficou acostumado em todas as tardes, dos domingos ir até a sede do clube para participar das festinhas. Sandoval, Pitôco, Chicão, José Carlos e mais outros, compunham os elementos do conjunto musical, para animar aquele ambiente sadio.
Ao chegar o novo ano de 1977, o Sr. Otávio José Curvêlo já fora eleito o novo Prefeito de Poções, de onde a população aguardava um bom desempenho.
Em Janeiro, então reuni a Diretoria e reafirmei o meu propósito de não participar à frente dos festejos carnavalescos.
---Mas doutor, é o nosso último ano de gestão... --- explicou um
---O ano passado deu prejuízo, mas esse ano nós iremos fazer uma campanha junto aos sócios, e o sucesso será garantido...  --- explicou um outro diretor.


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Seguiu-se uma boa discussão democrática, onde  cada qual expôs o seu ponto de vista, mas senti que no “frigir dos ovos”, a maioria queria realizar a festa do carnaval. Como eu senti de perto, que apenas uns dois ou três estavam ao meu lado, falei abertamente;
---Vou passar o cargo ao vice-presidente, porque durante o Carnaval não estarei aqui em Poções.
Como faltavam poucos dias para a realização das festas do período momesco, não quis interferir na atuação da Diretoria que ficou encarregada de levar avante o plano e faltando dois a três dias, ausentei-me da Cidade, indo curtir o carnaval em Salvador, pois há muitos anos estive ausente, inda mais naquele período, onde os trios elétricos haviam se multiplicado.
Na volta, tentei saber do resultado, em encontros casuais com alguns da Diretoria. Mas, oficialmente, somente depois de um mês que o carnaval já se passara, é que fui convidado a participar de uma reunião, para ver de perto os detalhes da festa. Logo no princípio observei que o semblante da maioria , estava carrancudo. Quem fez a explanação principal, foi o nosso saudoso amigo Carlos Tôrres, que era o tesoureiro, que despejou uma papelada sobre as mesas, mostrando o que se arrecadou, com o mapa das poucas mesas vendidas e aquele pequeno maço de ingressos. A maioria esmagadora, era de papéis referentes a todas as despesas, incluindo até gratificação aos policiais que atuaram nas três noites de festa. Enquanto o tempo passava, eu já meditava comigo, sem esboçar qualquer reação ou fazer algum comentário:
“ A bomba vai estourar pior do que a do ano passado. “
Em certo momento , Carlito disse:
--- Não nos esqueçamos, que demonstrando a maior boa vontade conosco, o atual Prefeito José Otávio Curvêlo, nos ajudou e gostaria de pedir até ao nobre secretário que constasse em ata.
No resultado final, como eu já estava prevendo, o prejuízo total foi acima de quarenta mil cruzeiros. Na mesma hora botei as duas mãos na cabeça e explanei:
--- Estão vendo aí, porque eu não queria assumir esse “abacaxi”. Trabalhamos um ano inteirinho, para deixar o clube numa situação cômoda e agora, em três dias, jogarmos dinheiro fora, ficando com um rombo de quarenta mil cruzeiros de prejuízo.O resto da sessão foi de zum zum, zum.Ao passar do tempo, fomos aos poucos, com os eventos que apareciam, sanando aquele prejuízo, ao ponto de quase ao final do ano recebermos a visita inesperada de Josemar Leite Ferreira, que também era sócio. Ele nos contou que o Prefeito tinha contratado os serviços de uma retroescavadeira. Então ele pediu ao Prefeito, para que a máquina abrisse um buraco no terreno do clube, a fim de que futuramente, as novas diretorias mandassem construir uma piscina.Quando em janeiro de 1978, passamos o cargo ao novo Presidente, na pessoa do sócio Romano Schettini, já deixamos algo pra que ele pudesse começar a sua gestão. No local da futura piscina, o buraco já estava  feito.

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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Euripedes o Bom ( Anexo a Autobiografia de IRUNDY DIAS )




EURÍPEDES  ROCHA  LIMA    -  O  BOM
                                              Em algum dia de certo mês do ano de 1951, a pedido do meu pai, Dr Ary Alves Dias, fui até a sua pessoa, onde estava em pé, atrás do balcão de sua venda. situada à Praça Deocleciano Teixeira, onde hoje, existe a padaria do Sr João Cambui, isto se não me falha a memória. Ao vê-lo, saudei com um educado boa tarde e disse-lhe sem rodeios:
--- Papai, Dr Ary, é provável que o senhor o conheça, mandou-me aqui para comprar um pacote de velas brancas do tamanho médio.
Ao me atender, nunca esqueci de sua fisionomia, como sendo um BOM vendedor e simples no trato com as pessoas.
Na sequência dos meses e dos anos, como Diretor e Professor da CNEC(Campanha Nacional de Escolas da Comunidade),tive contato e vi de perto os seus filhos estudarem e crescerem, junto a nós, Dy e Nó. O primeiro deles, foi o José Carlos, (o Tim), que logo cedo partiu ao Rio de Janeiro, em busca de seu sonho e lá ficou estudando e trabalhando e só fomos encontra-lo, anos depois, quando da excursão de uma turma nossa até o Rio, quando então, possivelmente para matar as saudades, não arredou o pé do nosso convívio.
Na sequência, não por  idade, ou  ordem alfabética, surgiram em nossas vidas, alguns deles, mais atenciosos, outros mais amigos, isso devido aos seus próprios temperamentos. Convivemos por mais tempo com alguns , por causa dos cursos que escolheram, enquanto que com outros, apenas dois ou três anos. E aí vimos aparecer Maristela, Vando ( este, muito amigo nosso).À respeito de Vando, intercalo aqui uma passagem engraçada. Saía eu,  do Rondelli, numa certa manhã e chegando próximo ao automóvel, este não respondia ao sinal do alarme. Tornei a insistir, nada. Foi quando eu ouvi Vando do outro lado do passeio gritando:
--- Dy, Dy , esse carro é o meu !!! O seu está logo ali...
Foi aí, que eu reparei que de fato estava tentando abrir o carro de Vando, pensando que era o meu.
Na sequência, conhecemos na CNEC o Gutinha  por pouco tempo. Em compensação, tivemos contato e daí uma grande amizade com a sua filha Sirley. Didi também, foi um menino que nos nutriu uma grande amizade, mas Deus com os seus desígnios quis levá-lo para sí ainda cedo e nos privou logo do seu convívio. Cal Barú, embora meio arredio na aproximação, apreciávamos ao longe nas suas jogadas futebolísticas. Nana, aquela que tivemos maior contato, provavelmente pela maior amizade que a mesma desfrutava com Sybele e Mercês, além de colegas de sala e da companhia de farras e festas.
No acompanhamento de sua trajetória política, nos encontramos na Câmara de Vereadores de Poções, onde trabalhei como Diretor da Secretaria desde os idos de 1959, junto com a gestão do Prefeito Olímpio Rolim, até a minha aposentadoria em abril de 1994.Naquelas sessões noturnas das quartas feiras, onde você sempre pautou a sua norma de trabalho como um BOM vereador, votando favoravelmente nos projetos de grande utilidade para o Município e por sua vez rejeitando os desnecessários.
Durante o governo do nosso saudoso Otávio José Curvêlo, você foi conduzido durante dois anos, à Presidência, da nossa Casa de Leis, quando teve a oportunidade de mostrar e demonstrar a sua personalidade na aplicação justa das leis, atendendo aos seus colegas com urbanidade e respeito, sem fazer política de barganhas. Como funcionário, mais uma vez o admirei no trato com as coisas  sérias e mais uma outra vez, você foi o  BOM.
Finalmente você chegou ao seu merecimento político, sendo eleito Prefeito do Município de Poções, para exercer o cargo no período de 1983 a  1989.
Pode-se chegar a conclusão de que não foi uma gestão brilhantemente administrativa, mas ao mesmo tempo, reinou absoluta paz e harmonia entre todos os rincões do Município, de modo que a política leal e sincera o fez merecedor de conduzir o seu sucessor, na pessoa do jovem lutador Tonhe Gordo. E mais vez, você foi o BOM.
Afastado das lides partidárias e políticas, continuou com o apoio dos seus amigos na politicagem da boa vizinhança e algumas vezes que nos reencontramos, seja na rua , ou nos jardins, nos Bancos, ou dentro da Igreja, ou ainda nas barracas da festa do Divino e nas raras conversações que mantivemos ao longo desse tempo, conclui que definitivamente, como pessoa amiga, você foi sempre o BOM.


Você sempre me chamou de DY, assim como Vando o fazia.
Não tive a oportunidade de chamá-lo de RIPE, como li em muitas mensagens do facebook.
Sempre o chamei de Seu Eurípedes e foi desta forma que  sempre gostei de chamá-lo, mas ao longo desses anos todos de convivência, ( de 1951 a 2013 ), poderia tê-lo chamado de o BOM.
Essa não é uma mensagem que será colocada no FACE. Não quero aproveitar-me dela, para transmitir aos seus filhos, a sua querida Vanuza, noras, genros, netos e demais familiares, uma mensagem de despedida por sua morte.
Essa, será uma página EXTRA DE MINHA AUTOBIOGRAFIA, QUE ALI SERÁ INSERIDA, como uma demonstração inequívoca de nossa amizade.Você não morreu ,meu caro RIPE. Você ficará eternizado em minha autobiografia SEU EURIPEDES.
                       ATÉ BREVE MEU CARO AMIGO !
                       ATÉ BREVE O BOM EURÍPEDES !