Assim que as aulas foram reiniciadas,
as quatro séries do curso ginasial, continuaram funcionando no período matutino,
enquanto a primeira série do curso de magistério, por falta de espaço pela
manhã, houve por bem funcionar a tarde. É claro que com isso aumentou o
trabalho dos três funcionários. O zelador continuou o mesmo, mas houve mudanças
na secretaria, pois o secretário Guilherme Gomes Lamego, com a sua ida para Vitória
da Conquista, apresentou o seu substituto, na pessoa de Walter Alves de Brito.
A auxiliar de Secretaria, também foi substituída pela senhorita Maria de Lourdes
Blois e o cargo de Diretor foi ocupado por minha pessoa desde quando o Dr. Alcides
Pinheiro dos Reis demitiu-se voluntariamente por motivos pessoais. Então, combinei
com o novo secretário, que no período da tarde, eu iria somente lecionar a
minha única aula do curso de magistério, a fim de não forçar a minha saída do
consultório por motivos de indisciplina de qualquer aluno. Nesses casos, ele
mesmo tomaria as decisões. Só mesmo em casos bem urgentes ele mandaria o zelador
me avisar. À medida que os primeiros meses foram passando, o prédio da futura
CNEG ia chegando ao ponto de funcionar e aos poucos eu já estava “bolando”o meu
plano em como colocar todas as turmas
num turno só. Ressalte-se que naquela época, no curso ginasial eram dadas
quatro aulas por dia de segunda a sábado, perfazendo um total de 24 horas-aulas
semanais e como o Conselho Estadual de Educação e nem a própria Secretaria de
Educação do estado da Bahia, ainda não haviam se manifestado à respeito do
curso de magistério, colocamos apenas 20 horas, como medida de precaução. Em
casa, já como o conhecimento de Noélia, pois a mesma como aluna-mestra, teria
que estar a par dos acontecimentos. Armamos o esquema de colocar cinco aulas
diárias para todos os cursos, de segunda a quinta e apenas na sexta-feira teríamos
quatro horas e desta forma, ficaríamos com os sábados livres.
Quando finalmente, o primeiro semestre
terminou, soubemos pelo senhor Dourado, que deveríamos pássaro ao novo prédio,
em agosto, pois durante as férias de meio do ano, a CNEG enviaria todo o
mobiliário necessário para o bem
funcionamento de todas as atividades.
E de fato, tudo correu dentro do
prazo, previsto pelo Conselho Estadual de Educação. Precisamente, no principio
do mês de agosto de 1964, nós ocupamos definitivamente o recém-construído prédio
da CNEG.
Quando apresentei o novo horário
de aulas aos Professores a aos alunos todos pularam de alegria e de contentamento.
Era mais uma aula por dia, mas em compensação, os dias de sábado seriam livres para
todos.
Minhas 15 aulas, distribui em 3
tardes e Noélia que lecionava apenas 14, sendo 6 de geografia e 8 de desenho,
teve que se virar, para lecionar e assistir as suas aulas aso mesmo tempo.
Por essa época, foi constituído o
Setor local da CNEG, mas como sempre acontece nas maiorias das direções de grupos
daqui de Poções, somente o Seu Dourado, como Presidente, é quem segurava o
barco, pois a maioria nem aparecia.
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No mês seguinte os primeiros
problemas começaram a surgir. A CNEG estadual nos enviou um comunicado, cuja
cópia passamos aos pais, onde eles ou os responsáveis pelos alunos matriculados,
deveriam, se tornar associados, para
manter a instituição em pleno funcionamento, com as despesas de água, luz,
materiais de consumo, pagamento dos funcionários e impostos, para o bom
andamento dos trabalhos.
Os pais dos alunos mais antigos, já
acostumados com a pequena taxa que era cobrada deles, nem se perturbaram e levaram
aquela medida, como necessária ,mas os novatos, pais ou responsáveis pelos
alunos da primeira série ginasial e do primeiro ano de magistério, começaram a
botar a “ boca no mundo “e criticando, onde alguns diziam :
“---O ginásio não diz que é de
educandários gratuitos? “
“--- Como é que é isso “?. Gratuito, não se paga “
Eu que ouvia essas indiretas, quase
que diariamente, fui empurrando aquele “
abacaxi “ para “Seu Dourado”, assim que ele voltasse a Poções, mensalmente. (
Seu Dourado residia em Salvador e uma vez por mês, ele vinha em Poções, onde
passava aqui três a quatro dias e depois retornava). Meu trabalho na Direção do
Ginásio era para atender os casos dos alunos, professores e funcionários apenas
no setor educacional. Assuntos burocráticos, financeiros que envolvessem a
parte administrativa do Setor Local, competia a eles decidir.
Os serviços da Secretaria
começaram a ficar atrasados, pois não dispúnhamos de uma máquina de datilografia
e a fim de não deixar aumenta-lo, Walter, o secretário, ia à Prefeitura pelo
menos uma vez por semana.
Por outro lado, o novo prefeito,
Sr Aníbal Gonçalves de Carvalho, prometera ajudar ao Ginásio e até aquela
altura do ano, não fornecera nenhuma parcela de colaboração.(Comente-se também,
que o exercício financeiro das prefeituras começava em abril, quando os prefeitos
novos tinham acabado de tomar posse).Mas
mesmo assim, de abril a agosto, alguns meses foram ficando para trás.
Nesse particular, ou talvez
também, em outros setores da administração municipal, o povo de Poções, tem
tido uma grande parcela de culpa, ao eleger muitas pessoas sem nenhum tino para
dirigir as coisas públicas. Resido aqui desde 1950 e vi ao longo desses anos,
mais de meia dúzia de prefeitos que não corresponderam aos anseios do povo.
Foram eleitos por causa dos partidos políticos
,sem nenhuma visão do que teriam de enfrentar durante o seu mandato.
Para começar, certo dia solicitei
da Prefeitura, uma máquina datilográfica apenas por empréstimo e nunca mais devolvemos,
pois o Ginásio não dispunha de recursos, para adquirir uma nova.
Outro problema começou a nos
preocupar, à partir de certa manhã, quando eu saía do meu consultório e fui
abordado na esquina, onde funcionava o escritório de Nino( Imóveis e Hipotecas),
pelo Sr Nercides Andrade, mais conhecido por Ziziu Andrade.
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