Em um dos seus primeiros livros, publicado
em 1983, o meu mano, assim se expressou:
Nasci em Salvador, Bahia ,na Rua da Poeira,57,em 23 de agosto de 1939, dia, mês
e ano da assinatura do pacto nazi-soviético,
esse movimento de má fé ainda não igualado nos anais da história contemporânea.
Nove dias depois explodia a segunda guerra mundial.
Quando eu tinha três para quatro
meses de idade, meu pai, Dr. Ary Alves Dias, médico recém-formado, sem
condições de trabalho na capital, transferiu-se com os nossos para o interior
do Estado, indo morar em Iguaí, então uma vila, um dos distritos do município
de Poções, no sudoeste baiano. Lá passei a minha infância.
Fui uma criança como todas as
outras que vivem na paz de uma localidade pequenina: tomei banho de rio, joguei
bola, brinquei, fiz travessuras. Mas, embora um
a mais entre os moleques de calça curta de Iguaí, eu era extremamente
sensível. Não gostava de ver badogues e gaiolas, armas contra a vida e a
liberdade dos passarinhos. Meus olhos enchiam-se de lágrimas, se eu via esses
objetos daninhos nas mãos dos meus
pequenos amigos. Apesar de muito alegre, forte ,sadio, eu chorava de vez em
quando, pelos motivos mais imprevisíveis. Eu chorava até com pena de casquinha
de tomate na sopa, se isso é crível.
Sempre fui dotado de compreensão
fácil, ingressando nas escola primária aos cinco anos, a pedido meu. Aos seis anos, não sei porque, fiz à minha mãe uma pergunta, que até hoje me intriga: "Mamãe, eu já sou pecador? " Minha mãe, que costurava na velha máquina " Singer ", perto da sala de jantar, respondeu-me nesses termos : " Não, meu filho, só quando você completar 7 anos ". Recordo que senti um imenso alívio, uma grande alegria : tinha um ano a mais de folga pra me divertir à vontade, sem me preocupar com o juízo de Deus a meu respeito.
Nos meus dez pra onze anos, meu pai mudou-se com a família para poções, afim de trabalhar como médico do Posto de Higiene local. Em Poções, completei o curso primário, na escola Alexandre Porfírio, na Praça da Liberdade. Eu usava na escola um blusão de farda cáqui, com duas penas brancas bordadas nas golas, que trouxe de Iguaí. Por essa rasão, e também por ser um xará de certo Presidente da República do Brasil, que governou no princípio do século, meu apelido na escola era " Pena ", um cognome como outro qualquer.
Nos meus dez pra onze anos, meu pai mudou-se com a família para poções, afim de trabalhar como médico do Posto de Higiene local. Em Poções, completei o curso primário, na escola Alexandre Porfírio, na Praça da Liberdade. Eu usava na escola um blusão de farda cáqui, com duas penas brancas bordadas nas golas, que trouxe de Iguaí. Por essa rasão, e também por ser um xará de certo Presidente da República do Brasil, que governou no princípio do século, meu apelido na escola era " Pena ", um cognome como outro qualquer.
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