quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( 57 )( sonetos)

ESTES SONETOS,  COPIADOS POR MIM, DE UM LIVRO DE MAMÃE, QUANDO ELA ESTAVA AINDA COM 18 ANOS DE IDADE. FAZENDO AS CONTAS;
MAMÃE NASCEU EM 1906, COM MAIS 18 É IGUAL A 1924.PRATICAMENTE NÓS JÁ ESTAMOS EM 2014. ENTÃO, CONCLUE-SE QUE O LIVRETO COM OS SONETOS COPIADOS POR ELA MESMO, ESTÁ COM 90 ANOS. A GRAFIA PARA FICAR ORIGINAL,É COPIADA TAL QUAL, MAMÃE ESCREVEU EM SUAS ANOTAÇÕES, DE MOCINHA EMBEVECIDA COM O AMOR DE SUA MAIS PURA ADOLESCÊNCIA.
                                         
                                                   O PALHAÇO                      
                                                                                                H. PINHEIRO

Quando no circo, o povo agglomerado,
Num grande vozear que ensurdecia
Bradava pelo clonos; o desgraçado
Uma filha perdera neste dia;

E quando o vi, no seu rosto maguado
Pude lêr o pezar que elle sentia,
E mesmo assim, doente e consternado,
O palhaço as pilherias sacudia...

Quantas vezes da vida na amargura,
Não sentimos também essa tortura
Do inditoso palhaço sorridente.

Quantas vezes nos rimos e, no entanto
A nossa alma desfaz-se em dor e pranto
Que disfarçamos neste rido ardente.




                                             AMOR  DE PALHAÇO
                                                                                          A THOMAZ

Hontem viu-se-lhe em casa a esposa morta
E a filhinha mais nova tão doente!...
Hoje o empresário vai bater-lhe a porta,
Que a plateia reclama impaciente...

Ao palco em breve surge... pouco importa
O seu pezar aquella extranha gente,
E ao som das ovações que os ares corta
Tregeita e canta e ri nervosamente.

Aos applausos da turba, ele trabalha
Para esconder  no  manto em  que se embuça
A cruciante angustia que o retalha.

No entanto a dor cruel mais se lhe aguça
E enquanto o labio tremulo gargalha,
Dentro do peito o coração soluça...




                                           B E I J O S 
                                                                      GUILHERME DE ALMEIDA

Não queres que eu te beije... E o beijo é a própria vida,
A invenção mais sublime  e bela do Senhor;
É o fogo em que se abraza uma alma a outra alma unida,
É o prologo e também o epilogo do amor!

A lua beija o mar, nas ondas reflectida;
O sol ,beijando o ceo, o cobre de esplendor;
Num beijo o orvalho alenta a planta emurchecida
E a borboleta suga o mel, beijando a flôr.

Deixa que o amor expanda os seus desejos,
Beijando os lábios teus, sem nunca se cançar !
Chega ao meu coração, escuta-lhe os arquejos !

A bocca perfumada, ó, deixa-me beijar !
Porque somente amando é que se trocam beijos...
E porque só beijando é que se aprende a amar.



NOITE  DE  INSOMNIA
                                                                                         Nestor de Góes

Horas mortas... Outomno. A alcova abandonada...
Como é triste arrancar assim da noite o dia !
La fora em derredor ulula a ventania
E não tarda a raiar a luz da madrugada.

Que saudade de ti... Que infinita agonia
Eu sinto ao recompor teu vulto, minha amada !
O passado é um lamento uma flôr desbotada,
Um beijo que se dá numa noite sombria...

Ah ! se voltasses tu ... e nos beijos de então
Unisses minha boca à tua boca santa !...
Que saudades de ti ... que enorme solidão ! ...

Penas,  desilusões  e magoas, aplacae
Esta afflição atroz que me sobe a garganta
E se converte em pranto e gotta a gotta cae !






                                               N     A     D     A 

                                                                                   JOAQUIM  NABUCO

Tudo é nada no mundo. O nada é tudo.
Porque do nada tudo foi tirado !
Porque do nada tudo é transformado,
E ao nada volverá um  dia tudo!

Deus do nada com um gesto tirou tudo
Pois do nada  o Universo foi tirado !
E num dia  no nada transformado,
Deixará de existir e assim vae tudo.

Só nossa alma  persiste e Deus eterno,
Cuja essência é de si mesmo increada.
Por ser um Ser divino – Ente Supremo !

Na potencia do mundo agigantada
Nesta terra, nos céos, no próprio inferno,

Somente uma palavra eu leio : NADA .

Nenhum comentário:

Postar um comentário