domingo, 11 de novembro de 2012

Relembrando AFFONSO MANTA

Aos doze anos, segui para Salvador,para prestar o exame de admissão no Ginásio Severino Vieira,no bairro de Nazaré.Fiquei morando com meus primos e meu avô materno em casa de tia Edite, na rua do Alvo, na Saúde.
No ginásio, fui bom aluno até o segundo ano. Do terceiro em diante,na crise das adolescência,mudei de interesses.Gostava de ir mais  à praia e namorar as garotas da Escola Normal no Barbalho. E comecei a escrever os meus primeiros  versos, dos quais não guardei nenhum. E entrei a ler os primeiros livros versando sobre outros assuntos,que não os estritamente curriculares, Passei o terceiro ano, raspando,com média bem baixa.E perdi o quarto ano,tendo que repeti-lo.Eu navegava de vento em popa no barco da fantasia. Aprendi a beber,fazendo as primeiras farras. Fumar eu já fumava desde os treze anos. Encetei novas amizades.
Concluído o Ginásio, entrei no Colégio Central para seguir o curso clássico. Estudei grego,latim, tudo isso. Mas a vida irregular era o meu forte. E o gosto pela leitura também. Por essa época, lia Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Lorca, tudo quanto era poeta e escritor, tudo em letra de forma que me parasse nas mãos. Frequentava assiduamente a Biblioteca  Pública do Estado, por esse tempo localizada na Praça Municipal . E lia de tudo.Lembro que Dotoievsky marcou-me bastante. Cansei de chorar,desconsoladamente,lendo as páginas pungentes de "Crime e Castigo", "O Príncipe Idiota", "Humilhados e Ofendidos". Ao lado dos já citados, Fiodor Dostoievsky foi o autor que mais me impressionou então.
Levando uma vida desligada das tarefas do colégio, a não ser no que me interessava, não é de surpreender que tivesse perdido ano.Não me lembro se foi um ou se foram dois.Tive que novamente que repetí-los.
Por outro lado,não tinha uma meta definida de vida. Vivia de sonhos, que não sabia como concretizar, nem o queria tanto na verdade. Queria seguir as carreiras mais díspares. Queria ser diplomata, cadete da Academia Militar das Agulhas Negras, professor de línguas neo-latinas, juiz de direito, sacerdote, monge e outras coisas mais, tudo ao mesmo tempo. Estudava por um período as matérias da cada carreira para depois deixá-las de lado.
Terminado o curso clássico,. fiquei sem saber que vestibular fazer.
Minha família queria  que eu seguisse advocacia, mas  eu não tinha o menor pendor para a letra morta das leis. Por falta de uma decisão madura de minha parte, não fiz vestibular nenhum, fui para o interior, Poções, para junto dos meus pais. Logo comecei a lecionar no ginásio local, que então se inaugurava. Ensinei, Português, História e Francês, a contento de todos e até de mim mesmo.
Dois anos depois, tive um estalo, resolvi fazer o vestibular de Ciências Sociais, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia.

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