Voltamos
às nossas lides escolares. Enquanto eu me concentrava no gabinete dentário no
turno matutino, Nó arrumava Béu e Têde, pois ambas estavam matriculadas no
Grupo Escolar Alexandre Porfírio, que ficava situado na Praça da Bandeira. Este
Grupo escolar que pertencia ao Estado, devido as diversas modificações
introduzidas no sistema educacional, hoje em dia é mantido pelo Município. A
fim de evitar o trânsito, as meninas ( Béu já estava perto dos 8 anos de idade
e Têde aproximava-se dos sete), seguiam pelo passeio da ladeira da Avenida
Cônego Pithon, até contornar a esquina onde ficava a Coletoria Federal(hoje uma
casa comercial intitulada Real Calçados.
Na Coletoria Federal, trabalhavam os nossos amigos: Bernardo Tôrres Coêlho, que
era o Coletor; Bernardo Espinheira
Messias, o escrivão, e o meu vizinho Joaldo das Neves Ferreira. adjunto de
escrivão. Saliente-se que Bernardo Coêlho e Joaldo só iam ao trabalho,
impecavelmente vestidos com terno completo e gravata, enquanto Bernardo
Messias, gostava mais de trajes esportivos.Com o passar do tempo, a Coletoria
foi desativada, e a casa da esquina foi comprada pelo nosso amigo Marcolino
Melo Ferreira, que ali instalou um mercadinho com boa freguesia.
Pois bem :Sybele e Mercês ao
chegarem na esquina, seguiam direto pela Rua Apertada( hoje com o nome de Olímpio
Rolim, em homenagem ao ex-prefeito que sempre residiu ali naquela
artéria).Passavam em frente ao Cine Santo Antônio, a própria residência do Sr
Olímpio Rolim,a casa do avô delas, Sr. João Gusmão Ferraz, a residência de
Julia Almeida (filha de Zé Cego) e dali tomavam o rumo da Praça da Bandeira,
onde fica situado o Grupo Escolar Alexandre Porfírio.
No turno vespertino, logo após o
almoço, nós subíamos a Avenida Cônego Pithon até o prédio da CNEG, onde ministrávamos
as aulas até o nosso retorno já à
tardinha. E Assim ficamos naquela rotina durante alguns meses, até quando
Tavinho e Amélia resolveram mudar-se para Salvador motivados para a melhora dos
estudos dos três filhos, Marcos Cesar e
Bete Uns dias se passaram, quando o Sr. Jambinho nos convidou a ir morar na Olímpio
Rolim,90 sua residência, onde haviam ficado Tereza, irmã de Nó e Dona Jovelina, apelidada de “meu Dó”, uma preta velha que havia quase que criado as
meninas depois que a mãe delas falecera há alguns anos atrás. Tavinbho e Amélia
,em Salvador, conseguiram para alugar, um apartamento com três quartos, embora
dois deles fossem bem pequenos. Com sala de janta, cozinha e uma área próxima a
cozinha, que servia para guardar alguns mantimentos. O apartamento ficava bem
em frente ao forte Santa Maria, situado no Porto da Barra.
Para todos nós , a mudança foi
excelente. Primeiramente pela casa bem
mais ampla do que aquela que estávamos em aluguel. Para as meninas Bel e Têde, foi praticamente um manjar do céu. Com
uma área enorme, com pátio e quintal, elas duas brincavam a valer. Era um ar de
liberdade principalmente parta Nó e eu, que durante 9 anos, ficamos confinados
em casas de aluguel, locais pelos quais nunca ficamos em tempos de solteiros. Por
sua vez , para Tereza e Meu Dó, receberam a nossa companhia e não ficariam isoladas
grande parte da semana, visto que o Sr. Jambinho, só vinha da roça aos sábados.
Para as meninas, também, houve o encurtamento do percurso em direção à escola.
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Entretanto, o nosso caminho para a CNEG ficou
radicalmente modificado. Saíamos pela lateral da casa, subindo num caminho
íngreme de uma trilha só(o chamado caminho da roça) e passávamos em frente a um
prédio( que mais tarde seria convertido no Hospital Regional).Entretanto,
devido a ineficiência das autoridades da época, aquele local, ficou infestado
de mendigos e malandros por todas as dependências do edifício, numa promiscuidade
incrível. O Prefeito da época, mal assessorado, é provável que não tenha tido
tempo de olhar aquele ambiente de perto, pra tentar solucioná-lo. Fez vistas
grossas e deixou o tempo correr.
Ao passar após aquele local,
deparávamos com os alicerces construídos da futura sede do Clube Social. Em seguida atravessávamos a
pista, onde ainda havia pouco transito, desde quando, na região ainda predominava muito matagal. Ao
chegar a área da CNEG, todo o terreno era cercado por pilastras de cimento concretado, seguras através de arame
farpado em várias camadas. Todo aquele terreno seguia em direção à Rio Bahia,
mas algum tempo depois, o mesmo Prefeito
que não olhou a mendicância que ocupava aquele prédio já mencionado, soube
desapropriar a área não cercada, fazendo um loteamento e criando o bairro
Indaiá, tirando da CNEG a maior parte de sua área.
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Da mesma forma que a CNEG, perdeu
grande parte de sua área, tal aconteceu com o terreno da futura sede do clube
social, que se estendia além do campo de futebol. Basta salientar que a área de
hoje onde existem a rua Vieira de Melo e o Estádio Heraldo Curvêlo, pertencia
ao clube social. Os responsáveis diretos pelas duas instituições se omitiram,
para não gerar algum conflito ou
descontentamento com a população, mas hoje em dia o Clube Recreativo de Poções
(atual denominação), não tem como expandir-se, devido a sua área restrita. O
recurso é o sentido vertical. A CNEG que com o
tempo mudou a sigla para CNEC( Campanha Nacional de Escola da
Comunidade) SEMPRE atravessou crises e mais crises, dependendo mais das verbas da
Prefeitura do que das mensalidades pagas pelo pais. O meu irmão Armando já
cursando os últimos anos de Medicina, de vez em quando aparecia, para testar os
seus conhecimentos com as turmas mais adiantadas do colégio e levava vários
questionários, cuja finalidade principal só ele mesmo sabia avaliar.
Durante o ano de 1968, estávamos
completando dez anos de casamento no mês de setembro. Mas o dia 20 não iria
cair num sábado, então a solução foi aproveitar o próximo e aí convidamos
Papai, Mamãe, Seu Jambinho, Tereza e realizamos a nossa festinha de
congraçamento, assistida pelos olhares atentos de Bel e Têde e a mesma se
estendeu até perto das 18 horas, tendo em vista, que com aquele hábito de Papai
de jantar sempre no mesmo horário , retirou-se da festa levando consigo Mamãe.
Seu Jambinho depois das 20 horas, seguiu para a fazenda Jeribá e nós quatro
ficamos sós curtindo o restante da festa.
O melhor acontecimento do ano de
1969 foi a formatura de Armando, meu
irmão, tendo concluído o seu curso de Medicina que aproveitou o ensejo de
realizou o seu casamento com a senhorita Beatriz Almeida, cujo namoro já se
estendia por algumas datas. A cerimônia l iniciada na Igreja onde os noivos
receberam as bênçãos nupciais, se estendeu até o clube, onde os demais colegas,
estavam todos paramentados com os seus
smokings alugados, sempre sorridentes, esbanjando aquela alegria sempre
vista em tais efemérides .Por sua vez, as mães, esposas, tias, irmãs, cunhadas,
mostravam-se deslumbradas com os seus vestidos longos e coloridos.
Terminada aquelas formalidades
existentes em todas as festas de formatura, pudemos desenferrujar os
esqueletos, dançando algumas partes, relembrando os nossos velhos tempos de
namoro. Tudo ocorreu às mil maravilhas e quando passava um pouco da meia noite,
Armando e Beatriz se despediram de todos os mais chegados e saíram em direção
ao hotel que já haviam reservado para a
sua “lua de mel”.
Nós dois já habituados a romper a
madrugada em várias festas , repetimos o feito e somente saímos no “cisco”.
Dias depois o jovem casal viajou
para Paulo Afonso ,onde Armando iria começar as sua vida profissional.
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