quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( p.45 e 46 )




Voltamos às nossas lides escolares. Enquanto eu me concentrava no gabinete dentário no turno matutino, Nó arrumava Béu e Têde, pois ambas estavam matriculadas no Grupo Escolar Alexandre Porfírio, que ficava situado na Praça da Bandeira. Este Grupo escolar que pertencia ao Estado, devido as diversas modificações introduzidas no sistema educacional, hoje em dia é mantido pelo Município. A fim de evitar o trânsito, as meninas ( Béu já estava perto dos 8 anos de idade e Têde aproximava-se dos sete), seguiam pelo passeio da ladeira da Avenida Cônego Pithon, até contornar a esquina onde ficava a Coletoria Federal(hoje uma casa comercial intitulada Real  Calçados. Na Coletoria Federal, trabalhavam os nossos amigos: Bernardo Tôrres Coêlho, que era  o Coletor; Bernardo Espinheira Messias, o escrivão, e o meu vizinho Joaldo das Neves Ferreira. adjunto de escrivão. Saliente-se que Bernardo Coêlho e Joaldo só iam ao trabalho, impecavelmente vestidos  com terno completo e gravata, enquanto Bernardo Messias, gostava mais de trajes esportivos.Com o passar do tempo, a Coletoria foi desativada, e a casa da esquina foi comprada pelo nosso amigo Marcolino Melo Ferreira, que ali instalou um mercadinho com boa freguesia.
Pois bem :Sybele e Mercês ao chegarem na esquina, seguiam direto pela Rua Apertada( hoje com o nome de Olímpio Rolim, em homenagem ao ex-prefeito que sempre residiu ali naquela artéria).Passavam em frente ao Cine Santo Antônio, a própria residência do Sr Olímpio Rolim,a casa do avô delas, Sr. João Gusmão Ferraz, a residência de Julia Almeida (filha de Zé Cego) e dali tomavam o rumo da Praça da Bandeira, onde fica situado o Grupo Escolar Alexandre Porfírio.
No turno vespertino, logo após o almoço, nós subíamos a Avenida Cônego Pithon até o prédio da CNEG, onde ministrávamos as aulas  até o nosso retorno já à tardinha. E Assim ficamos naquela rotina durante alguns meses, até quando Tavinho e Amélia resolveram mudar-se para Salvador motivados para a melhora dos estudos dos três  filhos, Marcos Cesar e Bete Uns dias se passaram, quando o Sr. Jambinho nos convidou a ir morar na Olímpio Rolim,90 sua residência, onde haviam ficado Tereza, irmã de Nó  e Dona Jovelina, apelidada de “meu Dó”, uma  preta velha que havia quase que criado as meninas depois que a mãe delas falecera há alguns anos atrás. Tavinbho e Amélia ,em Salvador, conseguiram para alugar, um apartamento com três quartos, embora dois deles fossem bem pequenos. Com sala de janta, cozinha e uma área próxima a cozinha, que servia para guardar alguns mantimentos. O apartamento ficava bem em frente ao forte Santa Maria, situado no Porto da Barra.
Para todos nós , a mudança foi excelente. Primeiramente  pela casa bem mais ampla do que aquela que estávamos em aluguel. Para as meninas Bel  e Têde, foi praticamente um manjar do céu. Com uma área enorme, com pátio e quintal, elas duas brincavam a valer. Era um ar de liberdade principalmente parta Nó e eu, que durante 9 anos, ficamos confinados em casas de aluguel, locais pelos quais nunca ficamos em tempos de solteiros. Por sua vez , para Tereza e Meu Dó, receberam a nossa companhia e não ficariam isoladas grande parte da semana, visto que o Sr. Jambinho, só vinha da roça aos sábados. Para as meninas, também, houve o encurtamento do percurso em direção à escola.


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 Entretanto, o nosso caminho para a CNEG ficou radicalmente modificado. Saíamos pela lateral da casa, subindo num caminho íngreme de uma trilha só(o chamado caminho da roça) e passávamos em frente a um prédio( que mais tarde seria convertido no Hospital Regional).Entretanto, devido a ineficiência das autoridades da época, aquele local, ficou infestado de mendigos e malandros por todas as dependências do edifício, numa promiscuidade incrível. O Prefeito da época, mal assessorado, é provável que não tenha tido tempo de olhar aquele ambiente de perto, pra tentar solucioná-lo. Fez vistas grossas e deixou o tempo correr.
Ao passar após aquele local, deparávamos com os alicerces construídos da futura sede  do Clube Social. Em seguida atravessávamos a pista, onde ainda havia pouco transito, desde quando,  na região ainda predominava muito matagal. Ao chegar a área da CNEG, todo o terreno era cercado por pilastras de  cimento concretado, seguras através de arame farpado em várias camadas. Todo aquele terreno seguia em direção à Rio Bahia, mas algum tempo  depois, o mesmo Prefeito que não olhou a mendicância que ocupava aquele prédio já mencionado, soube desapropriar a área não cercada, fazendo um loteamento e criando o bairro Indaiá, tirando da CNEG a maior parte de sua área.



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Da mesma forma que a CNEG, perdeu grande parte de sua área, tal aconteceu com o terreno da futura sede do clube social, que se estendia além do campo de futebol. Basta salientar que a área de hoje onde existem a rua Vieira de Melo e o Estádio Heraldo Curvêlo, pertencia ao clube social. Os responsáveis diretos pelas duas instituições se omitiram, para não gerar algum conflito  ou descontentamento com a população, mas hoje em dia o Clube Recreativo de Poções (atual denominação), não tem como expandir-se, devido a sua área restrita. O recurso é o sentido vertical. A CNEG que com o  tempo mudou a sigla para CNEC( Campanha Nacional de Escola da Comunidade) SEMPRE atravessou crises e mais crises, dependendo mais das verbas da Prefeitura do que das mensalidades pagas pelo pais. O meu irmão Armando já cursando os últimos anos de Medicina, de vez em quando aparecia, para testar os seus conhecimentos com as turmas mais adiantadas do colégio e levava vários questionários, cuja finalidade principal só ele mesmo sabia avaliar.
Durante o ano de 1968, estávamos completando dez anos de casamento no mês de setembro. Mas o dia 20 não iria cair num sábado, então a solução foi aproveitar o próximo e aí convidamos Papai, Mamãe, Seu Jambinho, Tereza e realizamos a nossa festinha de congraçamento, assistida pelos olhares atentos de Bel e Têde e a mesma se estendeu até perto das 18 horas, tendo em vista, que com aquele hábito de Papai de jantar sempre no mesmo horário , retirou-se da festa levando consigo Mamãe. Seu Jambinho depois das 20 horas, seguiu para a fazenda Jeribá e nós quatro ficamos sós curtindo o restante da festa.
O melhor acontecimento do ano de 1969 foi  a formatura de Armando, meu irmão, tendo concluído o seu curso de Medicina que aproveitou o ensejo de realizou o seu casamento com a senhorita Beatriz Almeida, cujo namoro já se estendia por algumas datas. A cerimônia l iniciada na Igreja onde os noivos receberam as bênçãos nupciais, se estendeu até o clube, onde os demais colegas, estavam todos paramentados com os seus  smokings alugados, sempre sorridentes, esbanjando aquela alegria sempre vista em tais efemérides .Por sua vez, as mães, esposas, tias, irmãs, cunhadas, mostravam-se deslumbradas com os seus vestidos longos e coloridos.
Terminada aquelas formalidades existentes em todas as festas de formatura, pudemos desenferrujar os esqueletos, dançando algumas partes, relembrando os nossos velhos tempos de namoro. Tudo ocorreu às mil maravilhas e quando passava um pouco da meia noite, Armando e Beatriz se despediram de todos os mais chegados e saíram em direção ao hotel que já haviam reservado  para a sua “lua de mel”.
Nós dois já habituados a romper a madrugada em várias festas , repetimos o feito e somente saímos no  “cisco”.
Dias depois o jovem casal viajou para Paulo Afonso ,onde Armando iria começar as sua vida profissional.
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