terça-feira, 30 de julho de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( p 34 )

Affonso  foi considerado como um dos melhores poetas líricos  da Bahia. Teve por infelicidade uma vida adulta, repleta de altos e baixos. Ainda no vigor da adolescência, frequentava um submundo hostil, inseguro e sem futuro. Casou-se com uma moça do mesmo time e levou uma vida de ócio, de drogas, de bebedeiras e de perseguições. Como disse, de uma cultura privilegiada que se submetendo a um concurso de caráter nacional, foi aprovado em segundo lugar no Brasil, para exercer um cargo nos Correios e Telégrafos. Seguiu então, a partir daquela data, ao Rio de Janeiro, pois o cargo que iria ocupar era de alta confiança, junto aquela  Instituição. Alguns meses depois, trabalhando com muita convicção do que fazia, subiu rapidamente de posto. Mas aí, reapareceu o outro lado da moeda, que há algum tempo havia deixado em Salvador. Voltou às bebedeiras e drogas, chegando ao ponto de sair à rua, completamente nu, numa das ruas do Rio de janeiro, refugiando-se numa Igreja, de onde só saiu levado numa ambulância pra uma Casa de Saúde. Daí para frente, tudo o mais degringolou. Com mais algum tempo de convivência inamistosa, a esposa concedeu-lhe mesmo assim, um desquite amigável. Affonso desligado dos Correios, foi logo aposentado por incapacidade mental. Regressou a Poções e ficou residindo definitivamente com nossos pais. Então, como não estava exercendo atividade nenhuma  limitado apenas a escrever os seus poemas, o Grupo da Direção da Fundação Ginásio de Poções, resolveu convoca-lo para um período de experiência e isso resolveu a contento a preencher a lacuna que havia no quadro do corpo docente. Mas o que é bom, dura pouco, volta e meia, Affonso se entregava às “bebedeiras” com os “amigos”, vindo a constantemente faltar as aulas.Com isso, foi necessário o seu afastamento, pois a sua imagem iria ser denegrida aos olhos da população
Quanto à Câmara de Vereadores, continuava com aquela mesma sonolência. O Presidente, Sr. Aníbal Gonçalves de Carvalho, Papai e o vereador Diolino Xavier Luz, eram os únicos a frequentar assiduamente as sessões. Uma vez ou outra, os demais vereadores compareciam, pois todos estavam cientes que pela Lei, aquele que faltasse a quatro sessões consecutivas, automaticamente perderia o mandato. Mas era um vicio já enraizado e por isso mesmo, os projetos oriundos do Executivo Municipal, permaneciam engavetados. Caso o Sr. Olímpio Lacerda Rolim, Prefeito de então, necessitasse de uma aprovação urgente dos seus projetos encaminhados à Câmara, mandava recados, pedindo o comparecimento maciço e aí os projetos teriam um TRÂMITE legal. Por outro lado, os governadores da época, não olhavam as cidades de pequeno e médio porte, com bons olhos, com assistência educacional de péssima qualidade, falta de estrutura no setor de saúde, com deficiência visível nos setores sociais, de transporte, de segurança pública e demais serviços e nesse lamaçal de descaso convivi de perto por muitos e muitos anos.

Desculpem o desabafo, mas foi a nua e crua realidade.

TRâMITE: caminho com rumo determinado. Procedimento ou etapa apropriada que se segue de forma progressiva e rotineira por um processo administrativo.



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