No dia 8 de maio de 1945, acordei
com o barulho dos sinos ecoando ao longe. Alí próximo de casa, um foguetório
ensurdecedor. Minutos depois, fiquei sabendo através de vovô Manta, que a
segunda guerra mundial estava quase terminada. Os alemães haviam assinado o
tratado de rendição.
Nesse mesmo ano, a cegonha
rondara mais uma vez a casa dos meus pais, em Iguaí. O caçula agora era o Almir
e assim a prole aumentou de novo.
Em 14 de agosto desse mesmo ano,
o Imperador Hiroito do Japão, assinou um decreto ordenando o cessar fogo e
deposição de suas armas. Não sei se foi por vingança ao que acontecera em 1941,
naquele ataque traiçoeiro a Pearl Harbor. O certo é que os americanos
despejaram duas bombas atômicas, nas cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima,
havendo uma mortandade incrível e tal foi a intensidade da destruição, que
provocou a rendição imediata. Finalmente a segunda guerra mundial chegara ao
fim.
Dali a dois anos, Mamãe
encerraria o seu ciclo de partos com o nascimento de Acyr, que se tornaria o caçula
definitivo da família.
Durante o mês de maio de 1947, os jornais
e noticias dadas pelo rádio, além da guerra, as principais, eram à respeito do
eclipse total do sol, que seria visto em todo o Brasil, no dia 20 de maio. À
medida que os dias se passavam, apareciam dados de como as pessoas se
prepararem para observar o eclipse. De minha parte, instalei na parte cimentada
do quintal da casa de tia Edite, um dispositivo contendo uma bacia grande de
alumínio, que fora usada por minha avó Amália, há muitos anos atrás. Coloquei
uma boa quantidade de água e tia Licinha arranjou-me um bom pedaço de vidro,
que o esfumei com papel de jornal, queimado. Eram mais ou menos umas nove horas
da manhã do dia 20 de maio de 1947, quando a manhã ensolarada, começou a ficar
amarelada e aos poucos foi ficando lusco fusco. Interessante de se notar, é que
tia Edite comprara há alguns dias atrás, dois franguinhos e eles quando
sentiram o dia ficar aos poucos mais escuro, começaram a se empoleirar em uns
galhos de um pequeno arbusto existente no quintal. Observei atentamente, ao
mesmo tempo, o dia escurecer, notando-se algumas estrelas no céu e olhando pelo
vidro, vi aquela bola (o sol, no caso) ficar preta totalmente. Foi um
espetáculo inesquecível. A empregada ficou com medo e não quis apreciar aquele
momento tão único em nossas vidas.
Abaixo, copiei um relato de como aconteceu
aquele eclipse:
“Belo”, “magnífico” e “fantástico”. A
despeito dos muitos adjetivos utilizados nos relatos sobre eclipses totais do
sol, as ações que visavam a organização de expedições científicas para suas observações
envolviam um complexo planejamento.
O eclipse total do sol é um fenômeno
natural que despertava um grande interesse científico.
Instituições e pesquisadores de diferentes
nacionalidades, junto aos seus órgãos governamentais, trocavam informações com
as administrações dos países nos quais ia ser possível ver o eclipse
total, com o objetivo de conseguir dados
que possibilitassem a constituição e envio de expedições para a realização de
observações do fenômeno.
Na manhã de 20 de maio de 1947 a sombra da
lua, que encobria o sol, projetada na Terra surgiu no Oceano Pacífico, com
cerca de 200 quilômetros de diâmetro. Rumou para o leste e encontrou o
continente sul-americano em Santiago, no Chile. Avançou em direção ao nordeste,
passou pela Argentina, pelo Paraguai, entrou em terras brasileiras,
atravessando diversos estados. Atingiu o Oceano Atlântico, deixando o
território brasileiro pelo Estado da Bahia e chegou ao
continente africano através da Libéria,
perdendo suas forças na costa leste da África, quase no
Oceano Índico.
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