sexta-feira, 19 de julho de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( página 15 )

 A contagem de tempo era tão bem organizada, que ao chegar aos últimos lances do almoço, o apito do trem, já avisava que a continuação da viagem estava próxima. 
No próprio trem, fiquei sabendo que na região de Jequié estava chovendo muito e de fato quando lá chegamos por volta das quatro da manhã, caía um TORÓ, de meter medo a qualquer um. Um rapaz, conhecido de Papai , por apelido Duca, estava à minha espera e me conduziu à sua residência. Ele era recentemente casado. Fui dormir. Quando acordei, por volta das nove da manhã de TERÇA-FEIRA, a esposa de Duca, me serviu um  delicioso café e me explicou, que ele fora avisado do atraso do trem no dia anterior.
Ao meio dia Duca voltou do trabalho e me falou que até o momento, não havia aparecido nenhum caminhão para o prosseguimento de minha viagem. E isso ocorreu, quase às quatro e meia da tarde. Subi na carroceria, com a minha pequena maleta e fomos enfrentar a estrada lamacenta até que, mais ou menos às oito da noite, o caminhão caiu num buraco e tivemos que retornar em outro veículo, a Jequié, chegando à casa de Duca novamente, quase a meia noite. Ao me ver, o mesmo exclamou:
---Irundy, você ainda por aqui?..
Na QUARTA-FEIRA, após o almoço, conseguimos outro caminhão, que conseguiu aos trancos e barrancos, chegar a Cachoeira de Manoel Roque, hoje Manoel Vitorino, quase às seis horas da tarde. Felizmente não estava chovendo. Mas o motorista preferiu pernoitar por ali mesmo. Arranjou-se uma pensão, para passarmos a noite. Depois de jantarmos, uma comidinha feita às pressas, pois a dona da pensão não esperava tanta gente de uma vez só.
Na QUINTA-FEIRA, após o café, seguimos viagem, chegando a Poções à tardinha, sem termos tido nenhuma confusão.
Poções, continuava no mesmo de sempre. Evolução praticamente nenhuma.
Como sempre, fui hospedar-me na Pensão do Sr. Arlindo Carvalho.
Eram cerca de cinco da tarde, quando uma das empregadas da pensão, foi ao meu quarto, dizendo que na porta estava um senhor querendo falar comigo. Fui ver quem era.
Um senhor, aparentando estar perto dos quarenta anos, baixo, meio gordo, avermelhado, pensei a principio estar em presença de um parente do Sr. Arlindo Carvalho, que se identificou como sendo Bernardo Espinheira Messias.
“---Sou amigo do seu pai e vim buscá-lo para ficar conosco em nossa residência”.
Fui pegar a bagagem e falei com a moça que depois viria acertar a hospedagem da pensão.
No trajeto para a casa dele, o Sr. Bernardo disse-me que quando recebeu o recado vindo de Iguaí, o caminhão havia chegado antes e por isso ele fora me procurar àquela hora. Disse-me também, que devido as chuvas, os animais iriam atrasar um pouco e provavelmente só poderíamos viajar no sábado.
Na residência do Sr.; Bernardo, conheci a sua esposa, por nome Enedite , um garoto pequeno com uns três anos de idade, por nome Carlos Nei e uma menina quase recém -nascida, chamada de Rosa.
Tomei banho. Jantamos e o resto da noite fiquei brincando com o Carlos Nei em cima de um tapete da sala, com os brinquedinhos dele.
Na SEXTA-FEIRA, saí após o café com o Sr. Bernardo ,que trabalhava numa Coletoria e fui rever os pontos principais da Cidade.
Somente à tarde, um rapaz chegou com dois animais e fui avisado que no sábado logo cedo, iriamos a Iguaí.
De fato, no SÁBADO, após o café ,despedi-me do Sr. Bernardo, de Dona Enedite e em companhia do rapaz, começamos a galgar a última etapa da viagem. Eram 57 quilômetros, de Poções até lá. Atravessamos muitos rios cheios o que dificultou mais ainda o nosso percurso. O fato é que no meio da tarde, chegamos no mesmo local, que anos atrás Papai repousara com toda a nossa família.

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