quinta-feira, 18 de julho de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( página 13 )

Em princípio de janeiro de 1941, tio Júlio Dantas, já citado na primeira estória, estava aqui em Poções, hospedado na “República dos Viajantes", somente para dormir, pois fazia todas as refeições, na pensão do Sr.Arlindo Carvalho, e sabedor que eu iria submeter-me aos exames de admissão ao ginásio, em Salvador, enviou um recado a Papai, dizendo se não seria bom Irundy vir a Poções, porque daqui nós iríamos juntos.
Nós,  havíamos passado por aqui em fins de novembro de 1939 e o que acontecera comigo, desde aquela data, até janeiro de 1941 ?...
Quando saímos de Salvador em novembro de 39, Papai tivera o cuidado de trazer os meus documentos escolares, dando-me aptidão para continuar o quarto ano primário. Iguaí naquela época, não possuía nenhuma escola pública, nem estadual e nem municipal. Então aí por volta dos meados de janeiro de 1940, apareceu por lá, um senhor com um defeito na coluna vertebral, professor formado, casado com dois filhos e colocou um aviso no serviço de alto-falantes que iria ministrar as aulas de caráter particular. Foi aquela correria. A escola, era uma casa que  o  Prof. Miguel, alugara  e com  o auxílio de sua esposa, conseguiu colocar para funcionar com apenas 16 alunos,  considerando-se  o tamanho da sala, cujas janelas eram voltadas para a rua.
Nos dois primeiros meses, notamos que o Prof. Miguel não conseguiria levar avante a sua intenção. Era  por demais violento . Brigava com os alunos, dava cascudos ou piparotes nas cabeças, bolos nas mãos com aquela palmatória da madeira. (Certo dia, fui generosamente agraciado com um bolo em cada mão.)
Às vezes, punha os meninos ajoelhados sobre grãos de milho num dos cantos da sala. E uma série de coisinhas tais, que foram chegando aos ouvidos dos pais que começaram a se reunir para tomar umas providências legais. E o final foi drástico. Ou ele saía da vila ou a policia iria ser acionada. O Prof. Miguel achou por bem ou por mal,mudar-se para bem longe de Iguaí. Nesse meio termo, apareceu uma Professora, por nome ESTER GALVÃO GONÇALVES, com todas as letras maiúsculas colocadas por mim mesmo, para homenagear uma das  pessoas mais gradas que conheci em todos os meus anos de vida, em todos os ramos de qualquer atividade. DEUS A GUARDE SEMPRE EM BOM LUGAR.
Com os ensinamentos adquiridos lá em Iguaí, ao final de dezembro, tia Edith, irmã de mamãe, já enviava as primeiras cartas, alertando que os exames de admissão, iriam ser realizados, provavelmente em princípios de fevereiro, antes do Carnaval.
Quando então, papai, recebeu o recado de tio Júlio, vim quase de imediato a  Poções.
A pressa de nada adiantou, pois fiquei aqui de molho, bem  uns três dias. Foi aí então, que comecei a conhecer de perto esta Cidade. Hospedado, juntamente com tio Júlio, na República dos Viajantes, verifiquei que a Cidade, naquela época, se resumia à praça comercial.
 Ainda retenho na memória, as casas comerciais: Farmácia Rolim, Daniel José Alves, Abel Magalhães, Casa Sarno, pois essas , perduraram por muito tempo com seus títulos em sua fachadas. Naquela praça, existiam duas árvores frondosas, que serviam até de apoio para os animais ficarem amarrados nos dias de feira.




Ali no canto esquerdo está uma delas.
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