terça-feira, 30 de julho de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( página 19 )

E Poções minha gente?  Como é que andavam as coisas por aqui?
Pelo que me consta em pesquisas feitas, vamos separar por setores;
Citei em linhas atrás que no período noturno, só havia energia das 18 às 24 horas e quando faltavam dez minutos para encerrar-se o serviço, um aviso de piscar de lâmpadas era o suficiente para que os poucos habitantes que o utilizavam se preparassem para dormir.
Mas durante o dia, como é que as coisas funcionavam? Como o serviço interno era precário, a população, a despeito do transporte horroroso e das estradas em péssimas condições de tráfego, possuíam ainda duas opções: seguir à esquerda para Vitória da Conquista, a fim de superar 65 km de terreno encascalhado e esburacado, ou à  direita, indo a Jequié com quase 90 km pela frente, nas mesmas condições e ainda com as curvas existentes. Entre um lado e outro, a preferência sempre coube ao vizinho mais próximo.
Entretanto, quando as minhas viagens estudantis começaram, não tinha alternativa. Minha rota era sempre a de Jequié, onde depois de dois a três dias, partindo de Iguaí,  tomava sempre aquele velho trem poeirento, seguindo até Nazaré e mais, tarde ao porto de São Roque.
Nesse roteiro que estou descrevendo, o prezado leitor deve encarar, sempre o tempo seco, sem chuvas, pois se observar o tempo chuvoso as estradas ficam enlameadas e com maior quantidade de buracos, onde os caminhões caiam dentro deles, aumentando ainda mais, o tempo da viagem. Hoje, pela televisão, nós assistimos quase que diariamente, a dificuldade que muitos habitantes do nosso querido Brasil, ainda passam por esse interior aí afora, Pegue então esse retrato e mire por uns instantes a nossa precariedade naquele tempo. Poções era isso, ou pior.
No setor da Educação, era uma lástima. Mal, mal, Poções possuía uns dois educandários a nível estadual dentro da sede, porque os seus distritos principais ,como Ibicuí, Iguaí e Nova Canaã eram desprovidos de tudo. Funcionavam umas poucas escolinhas em caráter particular e sorte daqueles que conseguiam uns bons educadores.
Na saúde, o serviço era precaríssimo, mas tão precário, que só  para encurtar a história, façam as contas comigo; Papai, que residia com  a nossa família em Iguaí, foi nomeado médico do posto de saúde de Poções  em 1949. Em 1950, a nossa família veio de muda para cá. Vejam bem agora. Anos mais tarde, quando a CNEC  começou a funcionar no prédio, onde hoje é O Grupo Escolar Luiz Heraldo Curvêlo, Nó e eu, íamos à pé, passando em frente ao Hospital Regional,  construído no Governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra(1945),que por descaso das autoridades, ficou relegado anos e anos, servindo de habitação para mendigos numa PROMISCUIDADE á toda a prova.

PROMISCUIDADE: convivência muito estreita com pessoas de toda espécie, em que há alguma forma de degradação moral.

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