quinta-feira, 18 de julho de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( página 12 )

Não havendo aulas aos sábados, na parte da manhã, seguia até a feira com alguns trocados, a fim de comprar milho para as galinhas que mamãe começara a criar no quintal. Com o passar do tempo, descobri que ao final da feira, os vendedores baixavam os preços das mercadorias, para não terem o trabalho de voltar para as suas roças com as mesmas. Assim se pela manhã eu comprasse o milho, por sete ou oito litros por um mil réis, com certeza ao final da feira, facilmente eu acharia do mesmo tipo de milho, por 14 ou 15 litros pelos mesmos mil réis.
Papai e Mamãe se regozijavam com as minhas habilidades em descobrir um milho mais barato e da mesma qualidade e dessa forma comecei também a comprar farinha, pois Mamãe achou que o milho e a farinha juntos, produziam melhor efeito junto aos galináceos. Comiam mais à vontade e produziam uma boa quantidade de ovos diariamente.
Mas o tempo passou e em janeiro de 1941 fui a Salvador em companhia de tio Júlio, pois em fevereiro, iria submeter-me ao famigerado exame de admissão ao ginásio. No intervalo entre a nossa ida a Iguaí, nos fins de1939 e o retorno em meados de janeiro de 1941, tio Júlio comprara uma casa à Rua do Alvo número 38, deixando definitivamente aquele casarão da Rua da Poeira 57.
Meus avós maternos, tia Licinha e tia Dulce acompanharam na mudança e quando eu cheguei já encontrei minha prima Dalva, ocupando um quarto contíguo ao de tia Licinha. Não havendo quarto para eu ficar, me instalaram no corredor que ficava entre o quarto de meus avós e um pequenino quarto que servia para colocar as imagens dos santos da predileção de vovô Manta.
A casa da Rua do Alvo possua a parte térrea e o primeiro andar além de um pequeno SÓTÃO.
Na parte térrea, a porta da rua dava logo de frente a um vasto corredor que iria até a sala de jantar, nos fundos. À sua esquerda, entrava-se na sala de visitas que tinha duas janelas voltadas para a rua. Vizinha à sala de visitas, havia outra sala, que às vezes funcionava como quarto. Prosseguindo pelo corredor, sempre à esquerda, víamos a porta do segundo quarto,     e uma porta que dava acesso a uma escada que seguia para o andar superior.Uma terceira porta, onde ficava um quartinho para guardar poucos objetos e uma outra porta, que ligada ao quarto vizinho à sala de jantar. Esse era o quarto preferido por tia Edite, que ali se alojava com tia Dulce, quando tio Júlio estava em viagem.
Todo o andar térreo possuía forro de madeira, exceção feita à sala de jantar, que era coberta com telhas. A esquerda da sala de jantar, encontrava-se uma cozinha e depois dela, um banheiro provido de torneira e logo em seguida um sanitário, Na parte da direita, um pequeno retângulo cimentado e um pequenina área com terra.(Era o quintal da casa). Subindo as escadas que ficavam na parte média do corredor, seguia-se ao andar superior. Da frente para o fundo, notava-se o quarto de tia Licinha tendo ao lado o quartinho dos santos. Em linha reta, o corredor onde sempre fiquei e ao fundo o espaçoso quarto dos meus avós. Do lado esquerdo do corredor, havia uma porta, que nem sempre se abria, pois levava por uma escada, ao referido sótão mencionado linhas atrás.

SÓTÃO: Parte de uma construção entre o forro e a armação do telhado, usado geralmente como depósito de objetos de pouco uso.


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