Não havendo aulas aos sábados, na
parte da manhã, seguia até a feira com alguns trocados, a fim de comprar milho
para as galinhas que mamãe começara a criar no quintal. Com o passar do tempo,
descobri que ao final da feira, os vendedores baixavam os preços das
mercadorias, para não terem o trabalho de voltar para as suas roças com as
mesmas. Assim se pela manhã eu comprasse o milho, por sete ou oito litros por
um mil réis, com certeza ao final da feira, facilmente eu acharia do mesmo tipo
de milho, por 14 ou 15 litros pelos mesmos mil réis.
Papai e Mamãe se regozijavam com
as minhas habilidades em descobrir um milho mais barato e da mesma qualidade e
dessa forma comecei também a comprar farinha, pois Mamãe achou que o milho e a
farinha juntos, produziam melhor efeito junto aos galináceos. Comiam mais à
vontade e produziam uma boa quantidade de ovos diariamente.
Mas o tempo passou e em janeiro
de 1941 fui a Salvador em companhia de tio Júlio, pois em fevereiro, iria
submeter-me ao famigerado exame de admissão ao ginásio. No intervalo entre a
nossa ida a Iguaí, nos fins de1939 e o retorno em meados de janeiro de 1941,
tio Júlio comprara uma casa à Rua do Alvo número 38, deixando definitivamente
aquele casarão da Rua da Poeira 57.
Meus avós maternos, tia Licinha e
tia Dulce acompanharam na mudança e quando eu cheguei já encontrei minha prima
Dalva, ocupando um quarto contíguo ao de tia Licinha. Não havendo quarto para
eu ficar, me instalaram no corredor que ficava entre o quarto de meus avós e um
pequenino quarto que servia para colocar as imagens dos santos da predileção de
vovô Manta.
A casa da Rua do Alvo possua a
parte térrea e o primeiro andar além de um pequeno SÓTÃO.
Na parte térrea, a porta da rua
dava logo de frente a um vasto corredor que iria até a sala de jantar, nos
fundos. À sua esquerda, entrava-se na sala de visitas que tinha duas janelas
voltadas para a rua. Vizinha à sala de visitas, havia outra sala, que às vezes
funcionava como quarto. Prosseguindo pelo corredor, sempre à esquerda, víamos a
porta do segundo quarto, e uma porta
que dava acesso a uma escada que seguia para o andar superior.Uma terceira
porta, onde ficava um quartinho para guardar poucos objetos e uma outra porta,
que ligada ao quarto vizinho à sala de jantar. Esse era o quarto preferido por
tia Edite, que ali se alojava com tia Dulce, quando tio Júlio estava em viagem.
Todo o andar térreo possuía forro
de madeira, exceção feita à sala de jantar, que era coberta com telhas. A
esquerda da sala de jantar, encontrava-se uma cozinha e depois dela, um
banheiro provido de torneira e logo em seguida um sanitário, Na parte da
direita, um pequeno retângulo cimentado e um pequenina área com terra.(Era o
quintal da casa). Subindo as escadas que ficavam na parte média do corredor,
seguia-se ao andar superior. Da frente para o fundo, notava-se o quarto de tia
Licinha tendo ao lado o quartinho dos santos. Em linha reta, o corredor onde sempre
fiquei e ao fundo o espaçoso quarto dos meus avós. Do lado esquerdo do
corredor, havia uma porta, que nem sempre se abria, pois levava por uma escada,
ao referido sótão mencionado linhas atrás.
SÓTÃO: Parte
de uma construção entre o forro e a armação do telhado, usado geralmente como
depósito de objetos de pouco uso.
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