terça-feira, 23 de julho de 2013

Autobiografia de Irundy Dias( página 17 )

Mas, comecei a perceber uns piados incessantes ao meu lado direito. Os piados aumentavam aos poucos, à medida que se aproximavam de mim.  Fui raciocinando sobre o que poderia estar acontecendo:
---"Seria uma cobra pequena, que devido a chuva, esgueirou-se e estava por ali para aquecer-se ?".
Quando então, notei,  que o piado estava quase próximo ao meu ouvido do lado direito, num ímpeto de coragem, virei-me rápido e com a mão esquerda agarrei algo quente. Com a claridade da fogueira, percebi que segurara o pescoço de um filhote de perua.
QUE ALÍVIO !
O dia clareou e aos poucos cada qual procurou lavar o seu rosto e enxaguar a boca num pequeno córrego formado pela própria chuva durante a noite.
Os homens se prontificaram em ajudar ao motorista e ao ajudante e em pouco tempo conseguiram desvencilhar o caminhão do buraco.
O restante da viagem foi tranquila e chegamos a Poções, por volta das dez da manhã.  
As aulas da primeira série ginasial começaram em março e logo nos primeiros dias, um colega por nome Altino Soares, por sinal um bom caricaturista, virou-se para mim e disse:
---Irundy, você está com o rosto bem vermelho e empolado. Quando cheguei a casa, procurei logo mostrar a vovô Manta o que o colega falara. Mandou-me tirar a blusa e constatou de imediato:
---Sarampo! Quarentena! Vai ficar lá em cima até o sarampo não existir mais!Lembro-me que passei mais ou menos uma semana longe de minhas habituais atividades.
Dias depois, refeito de tudo e já frequentando o Liceu, eis que surge lá em casa de tia Edite, a figura simpática de um estudante de medicina, por nome Arlindo Martins, morador de Iguaí, filho de um dos grandes amigos de Papai, Manoel Martins de Souza. A presença dele agradou-me muito, pois trouxera notícias mais recentes dos meus pais e irmãos. Nessa conversação, ele me disse que num outro dia iria passar para levar-me ao cinema. E de fato não demorou mesmo. Pela primeira vez fui ao cinema e por sinal ali pertinho, ao final da ladeira da Rua do Alvo, cujo nome era Jandaia. Naquela primeira vez, pude anotar a sequência da programação. De inicio, eles apresentavam um Jornal Nacional. Em seguida, vinha um jornal com as últimas notícias sobre a guerra, trazendo os acontecimentos dos avanços alemães, sobre os países da Europa. Depois eram exibidos diversos TRAILERS dos próximos filmes. Em sequência, eram exibidos dois filmes e por último um seriado, onde todas as semanas eram apresentadas novos capítulos.  E sabem o preço dessa jornada toda?
---Um cruzado, ou também chamado de quatrocentos réis. Era uma moeda branca, grande, existente na época.
Já que toquei nesse assunto de moedas, não sei se vou me lembrar de todas que circulavam naquele tempo.
A menor de todas era a de cem réis, também conhecida por um tostão. A de quinhentos réis, parecida com a de dez centavos de hoje (2013), só que a espessura era mais fina. A de um mil réis, um pouquinho maior. Essas todas eram da cor de cobre. As de cor prateada eram duas:
O cruzado ou quatrocentos réis e a de dois mil réis.
TRAILERS: Montagem com trechos de filmes, novelas, programas, etc. exibidos como propaganda.

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